As namoradas
A tarde corria solta na Piramide. No teto da construção em pedra a galera sentada aguardava o por do sol.
Sentamos próximo de duas meninas. Uma delas morena de cabelos cacheados, me deu um sorriso de boas vindas. Tipo senta aqui, fique a vontade. Sua companheira também me sorriu, um sorriso mais tímido.
A morena de voz suave puxou assunto:
"O senhor é de onde?"
"Guararema, interior de São Paulo. E vocês, são de onde?"
"Somos de São Paulo, do ABC, São Bernardo."
Como senti receptividade aumentei a conversa.
"E vocês? Vão ficar muito aqui em São Thomé das Letras?"
"Por uns dias. Eu e a minha namorada estamos fazendo um mochilão. Vendemos a nossa casa, deixamos o nosso trabalho e vamos viver um ano sabático, viajando por este Brasil."
Súbito olhamos o sol e aquietamos para vê-lo partir. Ele com pinceladas expressivas e vibrantes a la Van Gogh vai deixando um lindo quadro no céu.
A noite chega, nos despedimos. O casal parte e cada um segue o seu rumo.
Os encontros de viagem acontecem, acredito, não por acaso. São rápidos. talvez únicos, diferente do sol que sabemos que sempre na manhã seguinte retorna.
O importante nestes encontros, principalmente quando há compartilhamento de sonhos sendo realizados é o brilho, a alegria, a satisfação no olhar, no sorriso, nas falas. A alegria de viver nos contagia.
Belo casal, amantes do amor, da vida, não sei se nos reencontraremos. Sejam sempre sol: vivam a vida brilhando, pois uma coisa é certa: um dia a nossa luz se apagará. Se voltaremos a brilhar? Não tenho conhecimento pra responder esta pergunta...