POSSO LAMBER O TEU PRATO?

Depois de uma cuspida veio a resposta:

- "Agora pode"!

Aprendemos muito mais com as agruras da vida do que com as amenidades, assim guardo na lembrança como se fosse ontem a passagem que assisti, quando tinha cinco anos de idade, lá no ano de 1960. Morávamos no beco do Seu Canto, hoje alameda Álvaro Oliveira do Canto, no bairro Belém Novo, Porto Alegre. No beco não tinha calçadas, somente uma valeta em cada lado, que com passos de adultos eram cruzadas facilmente, aliás, até hoje não há calçadas, mesmo sendo revestida por uma camada fina de asfalto. Os lotes pequenos faziam com que as casinhas fossem quase junto as cerquinhas que separavam as residências das valetas. Praticamente os passantes estavam tête-à-tête com os moradores em suas refeições, claro se a janela estivesse aberta. Sempre aberta estava a janela da casa do Seu Sol, chamado assim porque ficava muito tempo escutando rádio, sentado defronte à janela durante e depois da janta, iluminado por um enorme lampião

Num final de tarde vínhamos eu, mamãe e minhas duas irmãs, quando o Solzinho terminara de comer um prato de melado, presente de sua madrinha, então o irmão mais velho pediu para lamber o prato, mas o Solzinho que não era só parecido fisicamente com seu pai, mas na maldade também respondeu que somente depois de cuspir no prato lambuzado pelo que sobrou do melado!

Ultimamente tenho observado que as pessoas que se dizem patriotas da gema incorporaram o "espirito do solzinho", ou seja, somente elas podem comer melado, as demais só a baba com cusparada!

Para não deixar duvidas basta o observar o comportamento de pessoas ditas idôneas e recheadas de ética e participantes dos mais respeitados e cultos clubes da sociedade, rebaixam-se tentando comover os verdadeiros patriotas para ignorarem uma das datas mais importantes do Brasil. Fazem isto porque não se conformam com a traição que receberam do seu mais importante ídolo que revelou-se um individuo sem escrúpulos, corrupto, mentiroso e beirando ao comportamento psicopático!