Arlequim Tragicômico, O
Tenho que entender que a vida nem sempre pode ser analisada como um monte de análises críticas, cálculos, metodismos, reformulações mentais e demais conceitos que agilizam ou atrasam minha evolução. A evolução de consistir em taxas de equilíbrio entre minhas atitudes ofensivas e defensivas, amistosas e inimizantes e entre tantas outras dualidades presentes em meu ser.
Noto que consigo ser uma das poucas pessoas que eu conheça que é tão dualista com emoções, a maior prova disso é o meu amor e ódio interno que engloba até a mim mesmo, eu sou talvez o único que consegue amar-se e odiar-se, oscilando em diversas fases de aderência e ostracismo sociais para a reformulação personalística, isso causa diversos conflitos interiores causadores de falhas psíquicas retráteis, algo parecido com um sincopismo de fatos e uma inconstância muito estranha.
Já passei por várias revoluções internas, elas me melhoram, mas é esse o alto preço do poder: perco minha humanidade me tornando automático e programado, cada vez mais insensível e chega a ser cômico como pareço um arlequim a rir de minha própria desgraça fazendo de minha vida um palco de emoções e atitudes intensas, harmônicas e desarmônicas. Eu posso dizer que sou meu melhor amigo e meu pior inimigo, pois ora faço o que preciso, ora me acovardo e sou corajoso o suficiente para admitir meus erros e desejo melhorar, isso me torna superior a muitas pessoas, ao mesmo tempo noto que ninguém é superior, cada pessoa possui uma série de pontos antagônicos e nesse antagonismo contínuo aqui estou.
É complicado estar sempre explicando como as coisas funcionam em minha mente, às vezes tenho a impressão de pensar em duas coisas por vez e ao mesmo tempo minha versatilidade se aplica a atitudes físicas pouco complexas, mas consideravelmente talentosas para alguém jovem, nem por isso acho-me brilhante, pelo contrário. Nunca é bom pensar que sou o melhor, mesmo pela razão de não o ser e em seguida por saber que posso ser alguém melhor a cada vez que descubro uma nova falha. E mais uma vez como um arlequim risonho a encantar a platéia eu estou protegido atrás de minha máscara e divirto-me solitariamente.
Vivo sendo criticado pelo meu perfeccionismo e auto-modelagens sucessivas, sou quase obsessivo quanto a minha expansão e que em algumas ocasiões pareço ter uma indignação com minha vida, acredito que eu seja insatisfeito com quase tudo, posso ser catalogado como alguém de "espírito perturbado" por ser sempre tão penetrante em metas de autocorreção e expansões comportamentais.
Como se fosse o grande artista que não sou, quem sabe um simples arlequim tragicômico diante do palco social, digo que só sou um homem em busca da minha evolução física, mental, profissional e espiritual e nada irá me fará mudar meu estilo em prol do sacrifício de minha felicidade egoísta para realizar o crime de agir como a sociedade quer, criando a felicidade altruísta; em seguida abaixo as cortinas do espetáculo e me retiro desse palco virando-me de costa bruscamente ignorando essa grande platéia dissimulada.
- Mensageiro Obscuro.
2004.