SERGIO NÃO FOI PARA O CÉU (3)
Ismael, dizendo isso, entregou a senha para Sérgio.
Aos poucos, Sérgio foi lembrando da sua vida anterior.
Lampejos de memória vinham em sua mente.
Ele começou a se sentir vítima. Concluiu que tudo conspirava para o seu egoísmo, para o seu ódio.
Amor, família, fraternidade… todas palavras vazias…
Sérgio foi entendendo que ele viveu uma vida guiada pelo ódio.
Faltava ainda para ele muita reflexão. Faltava fazer um caminho muito longo rumo ao arrependimento e auto aceitação.
Os encontros com Ismael faziam muito bem a ele.
Passo a passo, as portas foram se abrindo e a luz foi entrando em sua alma.
“Eu fui egoista sempre que me aproveitei da fraqueza alheia para obter lucros.
Eu fui egoista quando agarrei todas as oportunidades que me ofereceram e não ofereci nada para ninguém.
Fui egoista quando não quis entender que a humanidade tem um projeto comum.
Fui egoista quando os meus valores pessoas davam primazia ao acúmulo do que a partilha.
Quando não partilhei meu tempo com à famiglia.
Quando neguei meu tempo para alguém por puro desinteresse.
Quando não me solidarizei com os injustiçados e famintos.
Quando discriminei uma pessoa pela cor da sua pele ou por alguma de suas características físicas.
Quando me considerei uma pessoa melhor por ser mais bonita.
Fui um egoista insensível cada vez que apontei os defeitos visíveis das pessoas e escondi os meus.”
Ismael sorria apenas.
Ele sabia o que passava pelos pensamentos de Sérgio.