QUEM MERECE SER AUTOR DO PAVÃO MISTERIOSO?

Tenho pelo Cordel Brasileiro o maior respeito e admiração, muito mais quando sei que esta literatura tem uma forte influência dos traços mais populares de nossa cultura, com mais ênfase aqui no nosso Nordeste, ou seja, na nossa Região Nordestina. Região castigada pela seca, região de gente que canta o chegar da chuva e rega cada semente plantada para futuras colheitas.

O popular, por várias vezes no campo dos enfrentamentos e dos debates oriundos dos estudos acadêmicos, é de certa maneira defendido por artistas e escritores, tais como: Ariano Suassuna, Câmara Cascudo, Gonçalves Dias, João Cabral de Melo Neto, Jansen Filho, Zé da Luz, Luiz Gonzaga, Sivuca, Leonardo Mota, Assis Brasil, Rachel de Queiroz, Natan Macedo, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense, Gordurinha, Joaquim Cardozo, Ascenso Ferreira, Tobias Barreto, Lourival Batista, Otacílio Batista, Oliveira de Panelas, Ivanildo Vila Nova, Moraes Moreira, Alceu Valença, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Alcymar Monteiro, Capiba, Graciliano Ramos e tantos outros, com suas obras escritas ou cantadas colocaram uma ideia de luta na cabeça do nosso povo, que se assume enquanto protagonista das novenas, das incelências, das lavadeiras, dos cantadores, dos repentistas, dos emboladores, dos violeiros, dos cantadores, dos cordelistas, dos atores mambembes, das alas ursas, dos vendedores ambulantes, dos tiradores de coco, dos pescadores, dos feirantes, dos contadores de histórias, dos folheteiros, enfim, a compreensão acerca do termo popular é extenso, por mais que se estude e se aprofunde, mais linhas vão surgindo para complemento de uma vastidão de análises.

O que me vem de fato e de direito me dispor a comentar é sobre a história escrita na década de 20, a qual me parece conter dois autores, ambos com sede de vontade de assumir que a obra é de sua autoria.

No momento em que o Pavão Misterioso completa 100 (Cem) anos, instigo a um questionamento, assumido no título acima citado: QUEM MERECE SER AUTOR DO PAVÃO MISTERIOSO?

Algumas referências citam, sendo este escrito por João Melquíades Ferreira, já outras colocam com mais veemência o mesmo tendo sido criado por José Camelo de Melo Rezende. E agora, o que fazer diante desta dualidade criativa?

O interessante nisso tudo é que a história é contada da mesma forma perante os dois que ostentam o domínio sobre a obra. O cordel de ambos é o mesmo, mudando poucas letras... Eis a pergunta nesse estudo: Quem de fato escreveu primeiro o Cordel do - Romance do Pavão Misterioso? José Camelo ou João Melquíades? Disto tudo temos uma certeza clara, sabem por quê? Porque a obra em discussão leva à cena dois cordelistas paraibanos, ambos do brejo paraibano, um de Guarabira e outro de Bananeiras.

Viva o nosso Cordel, a Paraíba se solidifica como potencial criativo na cena da criação literária em torno do folheto popular nordestino, onde finalizo enfatizando o nome de Leandro Gomes de Barros, que veio do sertão, lá das terras de Pombal para ganhar todo Nordeste, todo Brasil, porém, nesse sentido o mundo, através de suas bibliotecas digitais e das fundações que preservam essa literatura que merece os nossos maiores elogios nessa luta constante em defesa do Cordel Brasileiro.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 14/05/2023
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