AINDA SOBRE COLONIZADORES

Com as descobertas de novas terras e consolidação das rotas para obtenção de produtos, pessoas com poder aquisitivo elevado, diferente da maioria que vivia em penúria, fundaram empresas como a Companhia das Índias Ocidentais que, entre outras decisões mandou invadir Pernambuco e entregou a gerência do novo negócio a Maurício de Nassau, que por ser nobre e desacostumado às carências do povão, fez tantas benfeitorias no Recife, que os sócios da companhia consideraram que ele estava a fim de fazer um país para si e o chamaram de volta.

Foram tantas as suas benfeitorias que, ainda hoje, há os desavisados que consideram que se a Holanda tivesse administrado o Nordeste Brasileiro, aquele pedaço de chão seria país de primeiro mundo, sem considerar que o Suriname foi colônia holandesa até 1975, tem IDH 0,738 enquanto a Holanda tem 0,931 ocupando o 6º lugar entre os 180 países pesquisados.

Um dos aspectos mais controversos da Antropologia é o fato de que na obtenção de dados dos povos em observação, o pesquisador sempre considerará que o estilo de vida e a cultura em análise são inferiores por serem diferentes da sua.

É o mesmo sentimento de superioridade que os de renda mensal em torno dos R$ 6.000,00, têm ao ver as condições de vida nas favelas em lixões, morros ou palafitas sobre charcos.

Exatamente o inverso daquele “susto” que sofre o capiau ao estar pela primeira vez no shopping de luxo de grande cidade.

No embate entre as diferenças culturais o colonizador estabelece a sua como prioritária, pelas práticas industriais, remuneração pelos serviços e pela língua que passa a ser obrigatória, porque nenhum colonizador se preocupa em aprender a língua local, mas a comunicação diária, dá origem a novo código de comunicação como o Africâner (afrikaans) falado na África do Sul surgida da mistura do holandês com as muitas línguas locais.

Em Chuí, fronteira Sul do Brasil, também se fala o Geral que se originou da mistura do espanhol, português e o guarani.

Entretanto, naqueles locais em que havia sociedade estabelecida de longa data, em vez da mistura de línguas, criaram-se bolsões isolados como em Macau/ China, bilíngue, na rua o cantonês, nas residências o português ou em Goa/ Índia cujas línguas oficiais são o Concani e o Marata, mas quase toda população fala o português.

A História relata como se deu a dominação no continente americano, onde além das armas as doenças trazidas pelo invasor foram causa maior da destruição das civilizações pré-colombianas.

As pessoas que vieram para o lado de cá do Oceano Atlântico com armas e malas fugiam das perseguições por questões religiosas; das dívidas para com os reis; por conta da fome; na esperança de fazer fortuna pelo comércio com a Europa e, principalmente para exercer a autodeterminação.

Também foram mandados para cá e para a Austrália, criminosos condenados ao degredo.

Os pioneiros dos Estados Unidos são exemplo da devastação que os invasores fazem quando matam povos e animais de subsistência, confiscam as terras e encurralam os nativos em “reservas” que nada mais são do que campos de concentração para extermínio das pessoas e das tradições culturais que se reduzem à condição de espetáculo para turistas.

As práticas da colonização continuam em nossos dias pela disseminação de microrganismos patogênicos e as políticas de isolamento social como o atual governo quer para os povos originários do Brasil.

GLOSSÁRIO

Capiau – gente simples, roceiro.

Chuí – cidade mais meridional do Brasil, município desde 1995, ligada à cidade uruguaia também chamada Chuy, por conta do arroio de mesmo nome.

Conde Johann Moritz von Nassau-Siegen, fundador da Mauritsstad (Cidade Maurícia), atuais bairros de Santo Antônio e S. José no Recife/PE