Somos almas magoadas
O que fizeram de nós?
A vida, as pessoas, a sociedade, o trabalho?
Viemos de uma pureza infantil, aprendemos na rua e no colégio a se divertir e se defender.
Nesse meio também aprendemos o que é ser amigo, aprendemos a dançar em casa, para fazer bonito nas festinhas de garagem ou nos Saraus.
Aprendemos a beijar no colégio nos selinhos, com as amiguinhas, na inocência.
Também com elas aprendemos a gostar e amar.
Não havia bullying, havia a "Preta", a "Negritinha", a "Seca", o "Foquinho", o "Batata", a "Sapatão", o "Mula", a "Prancheta", a "Suco", a "Japa", havia de tudo, todas as cores e formatos, e ninguém se ofendia.
Mas a vida, ah, essa vida. Meio que embaralhou as coisas. Os valores e as pessoas se perderam, ficaram sem rumo, sem saber o que fazer.
O certo virou errado, falar a verdade é coisa do passado, fidelidade é ser otário e inocente, ser amigo então é complicado, a maioria mudou, mas felizmente, alguns permaneceram como eram e o são até hoje.
Mas é difícil, como ser o que somos de verdade se as pessoas nem sabem o que são, o que fazem ou para onde vão.
Esse é o padrão atual, querem que sejamos todos iguais. Somos todos filhos de Deus é verdade, iguais na forma, mas diferentes no que fazemos, no que somos. Isso é fato.
Como dizem "quem vive de passado é museu", mas é bom recordar, sim, é bom de verdade.
E que não percamos essa vontade incessante de viver, até o último instante, na hora de partir.