GENTE INOCENTE

Ao ler um texto de Lélia Angélica, veio a mente um fato também ocorrido em uma capela.

Em Itapevi, tem uma capela secular e particular.

Todos os anos as famílias a quem pertence a capela se reuniam neste local e faziam uma homenagem ao santo que não mais sei qual o nome dele.

Esta reunião era uma única vez ao ano.

Estas pessoas moravam em Carapicuíba, uma cidade próxima e não em Itapevi, onde fica a capela.

Com o passar do tempo, aquelas pessoas mais idosas e que mantinha a tradição em pé, foram falecendo e os mais novos abandonando a tradição e a capela também.

No entardecer costumava eu ir até a ela e ficar observando o por do Sol.

A capela em seu abandono já estava com a porta quebrada e o telhado com goteiras, bem deteriorado etc...

Um abandono total.

E em uma destas tardes, chegou uma mocinha, e ficamos conversando um pouco e antes de ela ir embora me diz:

- Vou levar um pouco dos santinhos que aí estão, coitadinhos, estão tão abandonados, já levei alguns para minha casa, minha mãe já está cuidando deles ela já os lavou e está colocando - os em cima dos móveis de casa. Minha mãe gosta muito.

Para não constrange-la nada falei.

Ela entra na capela, pega mais algumas imagens com sorrisos se despede e vai embora.

Fiquei ali a meditar na inocência do ato.

Alguns dias depois eu e um amigo, Walter Xavier Ramos, resolvemos por conta e risco reformar a capela.

Alguns anos se passaram e as terras nas proximidades da capela foram vendidas para uma empreiteira que iria fazer loteamento e a empresa desconhecendo a história da mesma estavam prestes a derruba-lá.

Eu já morava em Minas, quando soube do fato.

Soube também que os moradores do bairro não permitiram a demolição da mesma, e quando por lá vou,sinto uma melancolia pela imagem bucólica e pelas histórias que ali vivenciei e imagino as que não pude ver.

E aqui distante, agora relembrando a mesma faço este texto, pois ao ler a poetisa Lélia Angélica, está recordação me veio a mente.