RITOS ESQUECIDOS

Não acho que os novos tempos são piores do que os do passado, também não posso e nem quero, ser incluído no rol dos saudosistas que só têm olhos para as coisas boas fazendo de conta que não existiam: palmatória e os puxões de orelha da professora, a cinta pendurada atrás da porta para os corretivos domésticos, a extração de dente sem anestesia eficiente, as lâmpadas incandescentes, os bondes superlotados e muitas outras mazelas sem valorizar que hoje temos os anestésicos eficientes, os antibióticos, as cirurgias corretivas, a comunicação em tempo real, as lâmpadas de led, etc. entretanto há determinados costumes que foram descartados, mas que fazem muita falta.

Entre eles estão os ritos de passagem cujas ausências tornam difusas e vazias de significado as expectativas e definições de futuro das novas gerações.

A Antropologia identifica esses ritos em todos os ajuntamentos humanos e a Sociologia os sistematiza nos status e papéis seguidos por todos, independentemente da classe social.

Passar pelos ritos de batismo, fardamento escolar, calça comprida, primeira comunhão, ensino profissionalizante médio ou superior, serviço militar, carteiras de identidade e profissional, título de eleitor, CNH, emprego formal, namoro, noivado, casamento, etc. davam a noção de aceitação e de pertencimento a determinadas faixas da sociedade, na medida em que iam ficando para trás a infância e a adolescência na vida do jovem agora entre adultos, capaz de tomar decisões e de liderar grupos.

Salvo alguns casos isolados, atualmente não temos mais isso porque a hierarquia familiar foi desmantelada por ser de tradição judaico-cristã que os comunistas tentam a todo custo eliminar da sociedade e como consequência temos legiões de alienados, sem rumo nem perspectivas.

Aquelas perguntas clássicas que eram feitas para toda criança – o que você vai ser quando crescer, ou como vai na escola? Tornaram-se anátema. Estão proibidas. São inconvenientes e atentatórias à individualidade da criança que não pode ser responsabilizada por nada mal feito, mas pode decidir mudar de sexo, a partir dos seis anos de idade, porque afinal a confusão gerada pelo conceito de que a meritocracia é um erro porque não existem diferenças entre as pessoas, que desejo é um direito que permite qualquer atitude para ser satisfeito, que bandido é vítima da sociedade e que o nivelamento, por baixo, é a melhor forma de distribuir a riqueza, desconsidera que tudo isso leva ao caos social, à terra arrasada onde as ditaduras são implantadas.