Em mim, levo
Tempo passando! Corro atrás do que falta. De repente percebo o que ainda me cabe nos olhos. É o que levo. Assim garanto o que amo.
Ontem, duas crianças se abraçando. Mal davam conta do abraço. Sentiam a imensidão dele. Estavam lá! Outras quatro, não mais. Alguém decidiu que não.
Antes achava que a morte pertencia a cada um, a sua. Mas não, depende também dos outros. De quem te ama. De quem te desconhece, de quem te deixa viver.
Não levamos nada. Apenas o que nos faz feliz. O prazer de deliciar uma comida. O sorriso roubado, uma cena, o prazer da leitura, o derramar da escrita.
Vou eternizando a vida, pelo menos para mim. Não vai ter ouro, nem células, nem cofre, nem medo do ladrão. Levarei em mim mesma. E as riquezas no coração.
Não sei o que vem. Nem quanto tempo tenho. Aproveito o que ainda me cabe nos olhos para ver e em letras falar. Até meu olhar apagar.