A casa do meu avô (1)
Sempre que ouço os nomes Tonico e Tinoco ou Pena Branca e Xavantinho, minha mente e meu coração, instantaneamente, me levam para a casa do meu avô materno, seo Isac Machado, na cidade de Mineiros, Goiás. O rádio colocado na parede, dentro de um suporte de madeira fabricado pelo meu avô (marceneiro) pendurado na parede, porque a casa era simples, sem forro, sempre tocava essas músicas nos programas de rádio que meu avô gostava de ouvir todos os dias.
O imortal Rolando Boldrin marcou minha infância também, com o Som Brasil, todos os domingos pela manhã, quando meu avô, ao chegar da missa, ligava a televisão ainda em preto e branco, e se assentava na poltrona para assistir aos causos, enquanto minha avó Helena preparava seus inesquecíveis e saborosos almoços (servidos pontualmente às 11h00).
A casa do meu avô era uma rústica casa em uma chácara, hoje inexistente. Ao lado da casa a serraria. A casa era rodeada por roseiras, variadas em tamanhos e cores, e por terra batida à frente, nas laterais e nos fundos. Logo depois, as árvores frutíferas: goiabeiras, mangueira, pitangueira, pessegueiro, abacateiro e a horta. Que delícia passar os dias a brincar naquele quintal! Como era bom sair da minha cidade de Rio Verde, onde residíamos, e irmos visitar meus avós. Que delícia assistir ao meu avô matando porco.
Comer os bolos, a linguiça, pamonha, carne assada no fogão a lenha, tudo feito na cozinha mágica da minha avó. O café era moído na hora! E quando a família se reunia para "catar" cajuzinho do cerrado ou pequi? A festa estava garantida quando voltavam. Muitas pessoas (meus avós tiveram 11 filhos!) separando os cajuzinhos, tirando o pequi da casca, limpando as espigas de milho para fazer as pamonhas, o angu e o cural.
Hoje, no local, só ficaram as saudades, porque tudo foi derrubado e destruído pelo crescimento da cidade, que transforma tudo em casas e edifícios. Mas as saudades são gostosas e fazem bem ao coração.
Saudades de um tempo que não volta mais.