DOMINGO DE CÉU DE BRIGADEIRO
O primeiro domingo de dezembro de 2007, amanheceu ensolarado e com céu de brigadeiro.
A primavera está indo embora lentamente e o verão vem chegando com força de gigante.
Um acontecimento especial estava marcado para acontecer neste domingo.
Velhos amigos, eternos jovens apaixonados pelos Beatles e os Roling Stones, iriam relembrar as muitas manhãs, nem todas de céu de brigadeiro, dos domingos das décadas de 60 e 70.
Com dedicação impar, os jovens, agora vovôs, Roberto, Vadinho e Luizinho, conseguiram reunir a equipe de futebol do RED SUN FUTEBOL CLUBE” e melhor, suas famílias... esposas, filhos, netos...
Como nas manhãs daquelas décadas, foram chegando, um após outro, com a mesma alegria, entusiasmo, sorriso nos lábios e claro, lágrimas nos olhos de tanta felicidade
É claro que nem todos puderam estar presente...
Uns poucos compromissados com outros afazeres e outros, não tão poucos, foram atender um chamado especial do PAI e ainda não voltaram. Se eles soubessem a falta que fazem..... Ah PAI! Quanta saudade!
A música na vitrola... isso mesmo, vitrola... a música era dos jovens que fizeram as jovens tardes de domingo, ao comando de Roberto Carlos, ficarem mais alegres, mais vivas, menos responsáveis mas, com muito mais amor. Fazia tempo que não ouvia: “ALGUÉM PODE TROCAR O DISCO? - MAS CUIDADO PARA NÃO ARRANHAR! - CUIDADO COM ESSA AGULHA!”
O que mais se via era um RED SUN com uma foto na mão procurando saber... procurando lembrar... E o que mais se ouvia era: “Quem é esse agachado? - Quem é esse goleiro? - Que campo é esse?” – “Não vai me dizer que esse é... Não!?” - “Lembra dessa festa?” - “Não tô lembrado dessa menina!”
Ou ainda... “veja essa foto! Você continua a mesma coisa!” - Quanta bondade na fala do amigo que só enxergava a beleza no outro, não ligando ou não notando as marcas, que o tempo provocara no rosto... no corpo do amigo.
Duas equipes foram formadas, uma dos vovôs e outra dos netos...
É... a cabeça pensa melhor do que a quase quarenta anos atras... mas o corpo... Ah esse não obedece mais mesmo... Foi divertido... muito divertido ver quem corria tanto, jogar “plantado”, e quem chutava forte, dar um “chutinho” e, as quedas? Os tombos? A bolada em quem jogava de óculos e o sangue, rindo, melava a face? Foi divertido, muito divertido.
Alguém com certeza, vai anotar nos anais do RED SUN, a formação das duas equipes e os autores dos gols... Porém, esse... esse será apenas mais um detalhe importante na vida desses “eternos garotos que ainda amam os Beatles e os Roling Stones”.
A tarde rompeu... e eu imaginava que jamais irei ver novamente a alegria nos olhos de alguém com misto de saudade, de “que bom foi estar aqui”, olhos marejados de poder dar um beijo no rosto do amigo que estava “perdido” no tempo.
O céu de brigadeiro foi ficando carrancudo... Eram os olhos de alguns a derramarem lágrimas.
E assim, diferente de “até domingo!”, ou “domingo tem jogo?”, pouco a pouco, um por um foram saindo... com a promessa de estarem no próximo ano, no sétimo encontro dos RED SUNs.
É..., mais a vida vai nos mostrar novamente que, uns outros RED SUNs irão aparecer pela primeira vez e outros que aqui estiveram no sexto encontro, terão ido atender aquele chamado especial do PAI.
Por hoje ficou a certeza que a nossa alegria é mais do que sermos “eternos garotos que ainda amam os Beatles e os Roling Stones”. A nossa alegria é um detalhe que passa desapercebido nos dias de hoje: SOMOS AMIGOS... SOMOS IRMÃOS.