Praças e jardins
Na atualidade, os estímulos à atividade física são intensos e constantes. Caminhadas, corridas, pedaladas, natação, musculação estão em alta. Fica difícil determinar o que vem primeiro. Se exercitar é fundamental, é o que todo mundo fala, é o que os profissionais e estudiosos do tema recomendam. Os serviços de saúde nos encorajam a mudar de atitude, aconselham hábitos saudáveis, regularidade nos exercícios que visam à melhoria da qualidade de vida. Os meios de comunicação pautam o assunto, os amigos e amigas se colocam prontos para nos acompanhar.
O que falta? Lugares adequados? Fechado entre quatro paredes não dá, né? Se de um lado é preciso frequência e persistência, de outro lado é preciso incentivo e motivação que ultrapassem a mera vontade ou a famosa preguiça. Não é de hoje que parcelas da sociedade cobram locais públicos favoráveis à atividade física e ao lazer. Existem lugares mais apropriados do que praças, jardins e parques? Ainda não inventaram.
O escritor — e ex-prefeito de Uberaba, MG —, Hildebrando Pontes (1879-1940), na sua obra mais conhecida, “História de Uberaba e a civilização no Brasil central”, livro publicado originalmente em 1930, cita os jardins existentes na cidade desde meados do século XIX. A descrição que ele faz das características da urbanização na época vale a leitura e traz elementos valiosos para o entendimento da evolução de várias cidades brasileiras. Segundo o autor, Uberaba tinha, inicialmente, alguns jardins particulares, sobre os quais ele comenta: “Eram simples canteiros de plantas em desordem, à semelhança da maior parte das hortas de couves…”. Ele afirma que, até o final do século XIX, nenhuma praça da cidade havia sido contemplada com jardim, sendo que a primeira a receber o incremento, em abril de 1894, foi a Praça da Matriz — atual Praça Rui Barbosa —, “um grande acontecimento”, fato que na ocasião mereceu discursos dos “melhores oradores da terra”.
A partir do século XX, a prática da implantação de ruas arborizadas e praças ajardinadas sob a responsabilidade do Poder Público avançou, mas o autor cita algumas limitações: “No mesmo ano [1908], a administração municipal tentou arborizar diversos logradouros […], mas foram baldados esses esforços, devido aos malfeitores que de uma noite para o dia levaram, de eito, a destruição das árvores ainda novas.” Vandalismo, falta de regulamentação legal, desconhecimento técnico, ausência de mudas, brigas políticas, especulação imobiliária, abandono pelo Poder Executivo, entre outras atitudes deploráveis, dificultaram e dificultam, até hoje, a existência de mais e melhores jardins, praças e parques. Resultado: a cidade carece de espaços adequados e em condições de proporcionar bem-estar à população.
O fato é que os administradores geralmente desconsideram a educação ambiental e se esquivam da responsabilidade de criar e manter praças, jardins e parques. Quando questionados sobre as deficiências verificadas em relação à carência de áreas verdes à disposição da população, aparece à frente o costumeiro argumento da falta de recursos. Será? Se a sociedade não se manifesta…