Tétano coletivo
Há quatro anos, permiti, no posto de saúde daqui do município de Pindamonhagaba, que me injetassem no braço uma dose da anti-tetânica. O meu vizinho há mais de trinta anos não oferece o seu lindo bracinho para a vacinadora lho picar com uma agulha e nele injetar a anti-tetânica.
Se eu me furasse o pé com um prego enferrujado, me cortasse a mão com uma faca enferrujada, me cravasse no olho direito um espeto-de-churrasco enferrujado e me rachasse a cabeça com um machado enferrujado, e partisse, de tétano, desta para a melhor, eu poderia pôr a culpa no meu vizinho, e alcunhá-lo genocida!? Ah! Alguém poderá, sarcástico, indagar-me: "Mas, Sergio, neste caso você estaria morto. Assim sendo, como você poderia culpar o seu vizinho e chamá-lo genocida!?" Eu, então, replicaria: "É verdade. Que sortudo seria o meu vizinho. Livrar-se-ia de um belo xingamento."