A dificuldade de encontrar um abraço

Não é de hoje que eu me sinto, por vezes, deslocado nesse mundo moderno.

E não que não tenha sido parte dele, irrequieto até meus 25 anos.

Porém, é de uns tempos pra cá que tenho notado o quanto os abraços estão cada vez mais longe da realidade cotidiana.

No auge do meu privilégio de ter podido prostrar-me à analises, terapias e vivencias em autoconhecimento, percebo cada vez mais o quanto esse simples gesto de unir dois humanos tem um poder incrível.

Por falar em incrível, é inacreditável a quantidade de abraços e tatos que nos são negados desde a tenra infância.

Nesse tocante, por vezes, com minha filha no parquinho com outras crianças, vejo uma ou outra mãe repelir duramente o pedido de colo de sua prole.

Notadamente isso nos endurece.

Interiorano e meio caipira que sou, quando vou pra capitar, fico admirado(e assustado) com a quantidade de pessoas passando num domingo a tarde pela Paulista, num passo um pouco mais lento que o Bolt, andando aleatoriamente sendo mais um na multidão.

Sabe, acho que é por pensar tudo isso que talvez me seja tão precioso um abraço.

É uma afronta ao tempo e espaço!

Em um dia cinza, na falta de um abraço, escrevi.