A eterna busca pelo sentido da vida.
Dobro a esquina como quem procura o fim de um labirinto, correndo em direção a luz, imaginando ser a saída do túnel. Procuro nas pessoas ao meu redor uma que demonstre um pouco de afeto, mesmo que eu nem a conheça. Já eu, demonstro todo afeto do mundo com quem dirige a mim a palavra. “– Rua Álvaro Santos?” “– Por aqui, vou te levar lá, vai a algum lugar em especial? Posso ir junto?”
A cada rua que atravesso, busco achar nas janelas dos edifícios uma pessoa a minha procura, nem que seja para avisar que estou no caminho errado, pode ser o da calçada, ou o da vida. Só preciso que me oriente, que mostre para onde ir, onde vou encontrar o sentido da vida, mesmo que seja o ônibus certo a embarcar.
Sinto-me como um desmemoriado, que após a perda em si, vaga pela cidade em busca de um rosto familiar, de um nome para si próprio, como se não fizesse parte daquele mundo, como se a memória perdida fosse aquela que foi acumulada desde seu nascimento. É necessário mesmo respirar? É preciso todo esse esforço para viver?
Prossigo na caminhada pelas ruas, em busca de um sentido para a existência, e para a minha própria. Depois, percebo que foi somente uma crise. Termina meu horário de almoço, e volto para minha rotina, de relatórios e gráficos, e desejo que algum dia a vida seja um eterno horário de almoço, onde minhas reflexões tomarão conta das minhas preocupações, e que passarei a reparar na vida, assim como reparo, sem pretensão nenhuma, nessas ruas em torno do trabalho.