Manhã de outubro
Acordei confusa depois de uma noite agitada. Tentei relembrar o que tanto me deixara transtornada. Bem verdade, por um longo período, não acreditávamos ser possível sair do pesadelo. É certo que o podíamos prever, mas não com tanto requinte de perversão! Um sonho que daria um roteiro de filme de terror de quinta categoria, no qual fomos colocados em uma realidade de 180º, onde coisas inacreditáveis nos envolviam sem ter chance de fuga. A comédia pastelão teve dancinha na praia feita por 'alienados patriotas', compartilhada no zap nos 4 quantos do país. Alienados por que pareciam não se importar com a ficha corrida do dito personagem, que babava ódio e empesteava o ar - geral.
Figuras estranhíssimas passaram a ocupar o noticiário, vomitando a mesma expressão - Mito! Com a chegada dele ao poder, tudo estaria resolvido! Um paraíso sem corrupção, armas liberadas, dinheiro para investir, saúde privada para todos. Com a Deforma Trabalhista, todos seriam patrões! Sindicato , para quê? Cada um negociaria seu próprio salário. Todos poderiam ter a "Ferrari de ouro" do Lulinha....
Pensando bem, podem ter o que não existia! Mas o zap disse que tinha! Tinha também uma "mamadeira de piroca" que se tornou o pesadelo dos falsos moralistas, que bradavam contra uma tal, "ideologia de gênero" que mudava a opção sexual das crianças. Porém, verificar isso 'in loco', em reuniões escolares, eles não tinham tempo. Apenas repetiam o que o zap mandava.
Um político com 28 anos como deputado federal, sem nenhuma relevância, foi alçado à Presidência, num"virar de página de jornal", que desde o início poderia ser policial...Rachadinhas, rachadões e rachadas - essas pelo vocabulário chulo do personagem. Nesse ponto, percebemos que ódio dele ecoava em pessoas que julgávamos sensatas. Foram famílias que brigaram, amizades terminadas. Diálogo, impossível. A Torre de Babel era aqui!
A partir daí construiu-se uma ambiente propício para eleger o coiso. No meu caso, me senti desesperançada desde então. Mesmo tendo sido durante muito tempo uma 'alienada com título de eleitor na mão', não caí no engôdo. Tentei me informar, e já no primeiro turno, foi #EleNão! Mas ainda tinha medo do 'bicho papão esquerda', aí votei no Ciro - decepção. Na hora que o Brasil precisava que apoiasse o Haddad, foi para Paris...
E o pesadelo começou a se concretizar. Mesmo sendo eleito não havia um clima de festa na posse. Instalou-se um clima de guerra, de pessoas armadas até os dentes nos telhados, segurança que manteve os eleitores distantes e, nem mesmo a imprensa teve acesso livre para mostrar o que acontecia em Brasília, para a decepção dos eleitores e adversários que cedo descobriram que se tornariam inimigos. Até água e banheiro negaram. Num showzinho, a primeira dama discursou em libras - louvável para os deficientes auditivos, mas hoje penso que, assim fez para que não tivesse fala, e não fosse confrontada no dia seguinte, quando os conselhos fossem extintos pelo presidente, retirando a participação popular em decisões que afetariam esse público.
Dai foi ladeira abaixo. Todos os dias notícias que deixavam boquiaberto o telespectador mais desatento. Fundiu ministérios, extinguiu outros. Numa dessas, colocou a Funai no \Ministério da Agricultura - a raposa vigiando o galinheiro. A grita foi tanta, que desfizeram a 'arrumação, ou parte dela. Mas já nesse momento apareceram os primeiros arrependidos :"Mito, eu votei no senhor. Trabalho no Ministério do Meio Ambiente, e a Agricultura não pode cuidar do Meio Ambiente..." isso era 2019 - promessa de muita confusão.
Quando as pessoas da Esquerda, perceberam que seriam 4 anos de sufoco, se assustaram. Desesperei por que acostumei com a troca de governo de 4 em 4 anos, contudo o eleito não desceu do palanque e partiu para campanha de reeleição. Só tínhamos uma certeza, podia piorar. Foi o que aconteceu. Os empregos prometidos desde o Temer minguaram, o crescimento não aconteceu. Para piorar, amanheceu 2020 com febre e uma gripe estranha tomando o mundo de assalto. Fecha tudo! Avisa a OMS. Na China as mortes aconteciam e até um mega hospital for erguido em tempo recorde para que o vírus não se espalhasse na gigantesca população.
E aqui como se não bastasse, minimizaram a letalidade do vírus. O Brasil precisava mostrar ao Mundo o sucesso do Mito. Afinal, tínhamos o Guedes cuidando da economia. Guedes?! Que Guedes!? O Ministro do Pinochet, que implementou um desastroso plano econômico no Chile, até hoje idosos se matam para não pesarem no orçamento dos filhos. Acabou com o Ministério do Trabalho. Para quê? Não teríamos trabalhadores, teríamos "terceirizados" sem vínculo empregatício! Ora, se não existe emprego, não come - aposentar é nunca! Escravo é o nome! A mídia burguesa, bate palmas e pede bis! Claro, afinal esse é o caminho. Deforma da Previdência. Escravo trabalha até morrer, na beira do buraco prá não precisar nem de caixão.
A morte apavora o Mundo que viu o perigo do negacionismo na prevenção, assistiu cortejos fúnebres de caminhões militares levando mortos sem direito a lágrima, deles e dos seus. Mal presságio... No Brasil, briga em praça pública para não usar a máscara. Adivinha quem deu o exemplo? 'Adivinhão'! Já nessa época eu avisava que a intenção era nos matar:
Trecho de O Futuro respira morte de minha autoria:
Mundo sádico.
Não veio a chuva de bênçãos proclamada nos púlpitos,
Afinal, o messias governava a nação.
Usaram deus para ludibriar o povão...
Não só ele, todos que foram inoculados pelo ódio vindo da comunicação
O país se perdeu, se esqueceu, morreu.
Deixou seu povo chorando no escuro, qual criança abandonada à sua própria (má)sorte.
E veio a peste, silenciosa, traiçoeira, ajudando a besta a derrotar a esperança derradeira.
Chove e chora o céu por muitos que se foram, inocentes ou não,
A morte é igual quando deixa órfão um coração.
A esperança no amanhã se enterra em cada caixão
Mortos-vivos em todos os cortejos, caminham ao léu
Aguardando a vez da infeliz lhe cobrir com o véu.
Aquela maldita boca cuspiu: "todo mundo vai morrer um dia"
E o verde daquela bandeira que não orgulha ninguém de se cobrir, vai aos poucos
entristecendo, de lágrimas morrendo, enlutando um chão que se tornou valão.
"Essa é a parte que te cabe nesse latifúndio..."
O povo, "dormia como um anjo de peito apertado. Sentia a pressão que fazia curta a respiração" O ar faltou em Manaus e o descaso mostrava sua cara feia, na falta de medicação para sedar... Mas ainda estava na metade. Circo de horrores, a reunião ministerial, trazida a tona pelo Sinistro da Ju$tiça Parcial Ladrão - qual a surpresa? Não era um ministério, era o Gabinete do Crime do Rio das Ostras - só podia, com aquele linguajar, com aquelas falas, com aquela realidade paralela! Um pesadelo na tela.
Se fosse contar o que motiva a palavra pesadelo, escreveria um filme. Filme que alguém escreverá com riqueza de detalhes para tentar exorcizar esse tempo inacreditável. Mas hoje acordo de um pesadelo. Nessa manhã de outubro, onde todos gostaríamos de estar! Faço nesse janeiro de 2022 e nesses meses que antecedem tão importante data, um amanhecer do dia que poderemos tomar nas mãos as rédeas de nossa história. Para isso precisamos ser professorais em mostrar o quanto essa ignorância que trouxe essa coisa para a presidência, é consequência de uma educação pensada para não educar. Facilitando a subjugação de um povo valoroso, que sempre comeu o pão conquistado com seu suor, mas que aprendeu, desses crápulas, que não tem nenhum valor, para ser mais explorado.
Que cada um de nós, construa o conhecimento a ser compartilhado. É urgente esse trabalho! Converse, argumente, explique. O Brasil e os brasileirinhos, contam com a gente para terem futuro.