ATRAÇÃO
Atração
A invisibilidade, como névoa, toma conta dos momentos. Entro na sala, acaricio suas costas, tapo seus olhos, a título de brincadeira, beijo-lhe o pescoço e só exclama – oi!
Afasto-me pensativa, perco o ânimo. Preciso encontrar outras estratégias que não sejam as costumeiras.
Passa um tempo e volto a insistir, chamar a atenção que desejo.
Comento um filme que, imagino de seu agrado. Consigo meia dúzia de palavras que repetem minha apreciação. Promete que verá depois, agora assiste a um documentário.
Preciso confessar, não gosto deste gênero de curta metragem, dão-me sono. Meus filmes prediletos são uma comédia romântica para relaxar, um bom suspense, um policial com cenas de tribunal. Para mim, o final tem que ser surpreendente, sempre.
Em outra investida, apresento meus autores preferidos, Guy de Maupassant, Edgar Allan Poe, Clarice Lispector. Não poderia faltar o argentino Julio Cortázar, entre outros mestres do conto.
Livros de história, de primeira e segunda guerra mundial e os demais no mesmo estilo, não aprecio muito.
Eu, sempre ligada na ficção, no inusitado, no surpreendente, na vida real, não emociono!
É impossível, já tentei todos os truques conhecidos - dou-me por vencida. Vou para o quarto, sento na cadeira em frente à cômoda, procuro, entre tantos objetos, aquele que sei infalível na arte de sedução.
Volto para a sala, não necessito falar, só ostentar meu lindo batom vermelho flamejante!
INALVA FRÓES