Lembranças de São João
Minhas lembranças de festas juninas têm data especial: o ano de 1970, quando ainda era uma menina-moça, mais moça que menina. Foi naquele ano que dancei a minha primeira quadrilha com os adultos, tendo como meu par um jovem nascido cinco anos antes que eu. Foi também o ano de meus primeiros flertes, isso, nos ensaios da quadrilha - que eram realizados no Mercado Central.
No Nordeste, as festas juninas são celebradas desde 12 de junho, dia de Santo Antônio, passando pelo dia 24 - São João, até o dia 28 - São Pedro.
Lembro-me de cada detalhe do ritual das festas, desde as fogueiras, acesas a partir das 18h - e nelas se assavam espigas de milho, faziam-se brincadeiras e apadrinhamentos a sua volta.
Quão saborosas são as comidas típicas derivadas do milho verde - a canjica, a pamonha, e outras como o mungunzá, o cuscuz, o bolo de milho -; enfim, um cardápio diversificado para todos os paladares.
Era tradicional haver casamentos nessa época do ano, e os forrós pé de serra eram realizados nas latadas[1] das casas, na zona rural, sendo os meus preferidos pelos ritmos musicais que caracterizam a tradição nordestina.
Independente da idade todos entram no clima de animação, ao som da sanfona, triângulo e zabumba, com destaque, na época, para as músicas do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
Guardo doces recordações desse período de minha adolescência, dos sons, cheiros, sabores e diversão que só quem vive(u) no interior nordestino sabe do que estou falando.
Viva os santos festeiros. Viva!
Iêda Chaves Freitas
25.06.2022
[1] Cobertura, em folhas de coqueiro ou de palmeira, improvisada para abrigar pessoas. Construção rústica com telhado coberto por plantas.