CRUELDADE

Vivemos,

todos os dias,

e a todo momento, em meio a uma infeliz e bizarra competição.

Ela,

esconde garrafas de vinho pela casa, muitas,

e eu,

as encontro.

Eu,

fecho a casa, escondo as chaves,

e ela,

salta pelas janelas.

Eu,

tiro-lhe os cartões,

e o dinheiro,

e ela,

sempre encontra mais.

A falta de lucidez,

A entrega total ao vício,

A dependência…

O fundo do poço?

A perda da capacidade de perceber a realidade ao seu redor…

A perda dos escrúpulos,

A fantasia que ganha forma.

Depois do fundo do poço pode ter um abismo.

A autodestruição,

A automutilação,

do corpo e do caráter.

É a vida que pára.

Pára e vai se perdendo.

A vida vai dando

espaço para a morte.

E a mente,

outrora ferramenta daquela,

agora está a serviço

dessa.

A morte,

nesse caso,

já começou,

de dentro para fora,

ganhando espaço,

a cada dia,

cruelmente.

Valdecir Bortolossi
Enviado por Valdecir Bortolossi em 21/04/2022
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