O chinelo
Ainda estou na cama. Lá fora a passarinhada já está à fazer a festa. A saracura-do-mato é a mais barulhenta. O seu canto é alto, como alguém a berrar.
Está uma manhã de temperatura convidativa tipo aquela que nos amarra debaixo da coberta.
Mais vou levantar. Vou virar para a direita e encaixar com precisão os meus pés no chinelo havaianas. Tenho prazer em me virar e de primeira acertar o par de chinelos.
Me virei na cama e fui convicto com os pés em busca do chinelo. Errei. Senti o frio gelado do piso na solo dos meus pés.
Esfreguei os pés no piso , de forma desordenada à procura. E nada.
Apanhei o celular no criado-mudo para clarear. E lá estava o chinelo , passivo , me esperando.
Calcei-o e fui pra lida, convicto que a tendência daqui pra frente será cada vez mais desencontrar o chinelo.