Qualquer maneira de amor vale a pena
Sentado na sala de espera do hospital, aguardavam. O que, eu não sei. Eu as observava da poltrona onde eu estava sentado, também a aguardar. Por sinal, a poltrona estava muito perto de mim, o suficiente para ouvir a conversa entre elas.
Pelo contexto entendi que era um casal. Uma morena e a outra uma loira de olhos verdes, gateados. Aparentavam estar na faixa de 50-54anos.
A morena, carinhosamente encostando a cabeça nos ombros da companheira acariciava os seus braços, deslizando as mãos a procura da mão da outra.
Duas mulheres lindas de se ver: fisicamente e principalmente , a relação entre elas: o carinho, a atenção, a sinceridade nos olhos, a suavidade na voz.
Ao redor observei outras pessoas, alguns olhares de repulsa, de desdém. Olhares de soslaio...
Lembrei de uma canção de Milton Nascimento lançada há 47 anos atrás: "Paula e Bebeto." Imediatamente venho na mente um dos versos mais livre de preconceito já escritos:
"Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar."