DEIXANDO DE SER CRIANÇA
Estive relendo esta manhã um livro do Humberto Gessinger, (Nas Entrelinhas do Horizonte), e o primeiro texto fala sobre deixar de ser criança, onde ele relata várias experiências que o fizeram deixar de ser criança várias vezes ao longo da vida. Fiquei pensando em como isso aconteceu comigo.
Uma das primeiras coisas que me veio à memória foi quando deixei de ser criança aos vinte e poucos anos. Me disseram que era feio demonstrar exatamente o que eu estava sentindo, principalmente se é um sentimento “desagradável”, como raiva, frustração ou tristeza. Até então, eu não me preocupava muito em esconder que estava descontente com uma situação, chateada com alguém ou triste por algum motivo. Eu achava que era bom ser transparente (embora acredite que ninguém nunca é realmente transparente). Me assustei quando fui repreendida por deixar transparecer minha raiva e frustração. Deixei de ser criança e passei a usar uma máscara, um sorriso largo e amarelo, e a fingir que está sempre tudo bem. “Seus problemas você resolve em casa, ninguém quer saber”, foi o que me disseram.
E assim a gente cresce na marra, e deixa de ser criança...