Saturno
O existir já me basta.
Saber que sou poeira das estrelas, insignificante na escala cósmica, mas importante na humana, conforta o meu tênue ego de homo sapiens.
Na madrugada de inverno, quando o céu está mais limpo, observo Saturno pela noite toda. Enorme como tem de ser, envolto por rocha, gelo e poeira, fazendo a dança da harmonia, mas que outrora foi o caos.
Me basta saber que temos a joia mais preciosa para observar, como um anel que envolve o dedo, girando com certa folga, brilhando quando iluminado, e existindo apenas pelo acaso.
Penso muito em Saturno, em suas auroras boreais, em seu hexágono polar, e nas suas luas repletas de história.
Ele nos ensina que nem toda joia pode ser possuída, comprada ou roubada, e que até o mais preguiçoso dos gatos pode apreciar seu brilho, basta olhar para cima.