REENCONTRO II


Tinha iniciado na carreira naquele ano (1999). Estava com medo. Muito medo. Era substituta de uma grande profissional...Não sabia se daria conta de resolver o problema apresentado pelas pessoas participantes do projeto. Não sabia se era o medo que a fazia perceber que um moço a olhava o tempo todo. O local não lhe trazia nenhuma segurança...A recuperação era ministrada para todos da redondeza. Tudo o que se ouvia falar sobre o bairro traduzia-se em marginalidade.
Era muito o medo. Medo dos olhares...Medo das pessoas...Medo da escuridão, sim porque era a noite que o projeto deveria ser aplicado. Medo da fortaleza que a esperava duas vezes na semana.
Abria-se um imenso portão de grade que lembrava uma penitenciária...
Os trajes...o andar, os trejeitos combinavam com o cenário.
Ele continuava olhando a ...
Ela fugia de seus olhares, mas ao mesmo tempo ficava constrangida e, queria saber o porquê daquele olhar... As vezes parecia de ameaça... As vezes de carência
As vezes de perdão...Quase no final do curso...
Lá veio ele se aproximando...Ela suou frio de medo do “cara”. Ele tirou do bolso uma caixa...Ela também teve medo da caixa....
__Abra disse ele com voz mansa e calma.
     Abriu a caixa nas pontas do dedo...
    Se assustou...Era um relógio feminino. Sua voz saiu trêmula...Ela perguntou o que tinha feito para merecer o prêmio...E...bem...Esticou a mão e devolveu o relógio ganhado. Olhou, pela primeira vez, dentro do olho do “cara” Tinha vestígio de lágrimas.
__Tudo. Quer dizer nada...eu é que te fiz. Mas, estou arrependido.
__Como? Não entendi direito. O fez???
__Lembra? 1998 alguém te roubou no trem.
__Sim me lembro. (kkkkkkkkk) levaram o meu relógio. Velho relógio.
__Desculpa-me, perdoa-me.
     Fui eu...Eu te roubei.