É tempo de...
A sabedoria milenar chinesa contida no Livro das Mutações nos mostra que é preciso possuir a capacidade de compreender a natureza cíclica do Universo. Isso quer dizer que a vida é composta de “altos e baixos”, como se costuma dizer por aí, e que estamos subordinados a esse fluxo contínuo, que sofremos os efeitos do curso natural das coisas.
No Livro das Mutações, o acaso é revestido de grande importância, exatamente como no refrão da música: “O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”.
Respeitar o curso natural das coisas é antes de tudo, respeitar a Natureza, confiar no Universo, confiar na Providência Divina, ter Fé, ou seja lá qual for o nome que pareça mais apropriado a você dar, de acordo com a sua crença.
Quando a música fala sobre andar distraído, ela não o está aconselhando a ser alienado, mas sim, que relaxe e entregue sua vida com um pouco mais de confiança ao Criador. Coisas acontecem, de todos os tipos, e sobre a maioria delas não temos absolutamente nenhum controle. Não adianta ficar se martirizando, pois a vida é alternada por períodos positivos e negativos.
Se eu fosse um velho chinês diria: aquele que atribula a sua mente, enchendo-a de pensamentos vãos, é um tolo.
Como sou uma ocidental eu digo: pare de remar contra a correnteza, que você vai se cansar à toa.
Voltando àquela musica, ela também diz: devia ter amado mais, me arriscado mais, ter visto o sol se pôr, devia ter aceitado a vida como ela é.
Ao invés de tentar exercer controle sobre aquilo que você não pode, aproveite mais os aspectos positivos que lhe são oferecidos durante a caminhada. Às vezes seguimos por uma trilha de terra concentrados em nossos problemas, e reclamamos tanto do pó e das pedras, que não reparamos que havia um pé de fruta no meio do trajeto, onde podíamos ter sentado, aproveitado a sombra, apreciado o caminho e nos alimentado.
O curso natural, a mudança constante, o fluir, é uma verdade que jamais se altera. Tomar consciência de que ela existe é despertar. Conseguir identificar através da intuição qual é a situação exata que se está vivendo, é ter presença de espírito. E finalmente, ser capaz de refletir sobre o significado desse momento específico e seguir de acordo com seu ritmo, é possuir sabedoria.
A partir deste texto, estarei abordando algumas das situações que representam, no Livro das Mutações, o momento que um determinado indivíduo pode estar vivendo.
Os chineses gostam muito das comparações com os elementos da natureza. Para eles, tudo que à primeira vista parece ser muito complexo, é na realidade muito simples.
Se o destino comum a todos os seres humanos é viver uma vida plena, o razoável é procurar seguir o caminho mais simples e óbvio, pois ele certamente estará seguindo o fluxo natural. Os chineses comparam o fluir das circunstâncias ao fluxo da água. A água desce a montanha e flui suavemente. Este é o propósito da água, portanto, se encontrar um obstáculo ela jamais irá recuar. Ela irá desviar, irá penetrar a terra, irá contornar, irá adaptar-se ao terreno sem oferecer resistência até que, infalivelmente, alcançará o seu propósito.
Agora é óbvio que cada um pode viver e pensar como quiser.
E como dizia um mestre Zen: “O dedo serve para apontar a Lua; o sábio olha para a Lua, o ignorante para o dedo”.