ESPÍRITO DE AVENTURA

parte do livro Viagem de Férias

A vida é uma aventura. Na vida, assim como na aventura, tudo é questão de escolha. Seguir o caminho, enfrentar os riscos em busca dos ideais. Na vida, assim como na aventura, os mais ousados sempre vão mais longe.

O espírito de aventura está latente em todas as pessoas. Alguns escolhem ficar na zona de conforto. Outros assumem os riscos e se lançam num destino novo e inesperado. As aventuras energizam a alma, abrem as mentes, resgatam nossos valores e nossa vontade de ser melhor.

Rita e Pietro estão juntos desde 1987. A relação deles com estradas e carros sempre foi íntima. Os carros evoluíram. A tecnologia da navegação deles, também. Nos últimos dez anos, as viagens de carro ficaram mais fáceis. Em trinta anos de vida e de estrada, foram trinta viagens de férias. As melhores foram narradas aqui. As suas aventuras mudaram suas vidas.

De dentro de um carro, viram parte do planeta. Por caminhos longos e trechos complicados. Foram admirados e até chamados de loucos. Agora eles sabem que as tulipas nascem em maio tanto no Central Park como nas praças da Filadélfia. Que a neve cai de muitas formas e todas são bonitas em Paris.

Conheceram o litoral, o sertão, as montanhas e as grandes cidades. Foram dezessete países rodados: Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Suíça, República Tcheca, Áustria e Polônia. Nesta lista poderiam estar também o Vaticano, Mônaco, San Marino e Liechtenstein.

Ter espírito de aventura é viajar, sem nenhum planejamento, no último dia do ano. É decidir ir, porque a outra opção era ficar. Ficar em casa no feriando prolongado. É pegar as duas crianças, é pegar as roupas, é pegar a estrada. Seguir placas, entrar e sair em várias cidades.

É pegar a estrada não pavimentada, à noite, ou procurar hotel. A estrada agora seria mais difícil, melhor dormir. Dormir em quarto sujo e improvisado. Pagar tarifa mais baixa, e ainda participar da festa do réveillon. E o champanhe estava bom.

No dia seguinte, por estrada de chão, se perder, pedir informação e chegar. Chegar sem avisar, pegar uma vara e ir pescar. Ficar todo o feriado até a última hora para voltar. Dirigir à noite para de madrugada chegar. No dia seguinte, de manhã, estar pronto para trabalhar.

Ter espírito de aventura é atravessar a Cordilheira dos Andes, desafiar a burocracia de estar na rota do tráfico. É colecionar carimbos de fiscalização e autorização. Ser farejado por cachorros e ter o carro revirado. É dormir no chão do Aeroporto em Lisboa. É ter a mala furtada em Paris.

É entrar na Polônia, com carro francês, falando francês, e dizer ao policial que é brasileiro e que vai visitar seu amigo Piotr. É ver o policial, cochichando com seu colega, fazendo sinal positivo com a cabeça, ao dizer – Tak, jest Brazyliczykiem! Sim, ele é brasileiro!

É não passar as férias em uma praia, mas conhecer muitas. É descobrir os sabores dos frutos do mar mediterrâneo, do pacífico e do caribe. É dormir em um barco hotel. Almoçar em restaurante que não aceita euros ou cartão de crédito e depois sair para procurar cash dispenser para tentar sacar coroas checas.

É atravessar de carro sete países em apenas um mês. É decidir dirigir a noite inteira para chegar antes. É curtir estradas perigosas, túneis, serras e nevascas. É dirigir em grandes cidades, curtir os bons carros e a velocidade. É fazer dez mil quilômetros nos Estados Unidos. É passar por dezessete estados americanos. É passar três vezes pela ponte de Manhattan e do Brooklyn para poder acreditar que aquilo era real.

É sentir-se no cenário de filmes. É encantar-se com as luzes e imagens da Time Square, com o Central Park, com a Torre Eiffel, com os jardins do Museu do Louvre, com o Arco do Triunfo. É entrar em um café de Paris, gastar cinco euros para poder usar o banheiro. É aprender a gostar do jeito francês de falar. É desejar ali morar.

Aventura é entrar em um país sem saber que língua usar. É aprender a língua italiana. É conhecer os Alpes e acreditar que o paraíso existe. É dirigir a noite inteira pela expectativa de em Mônaco chegar. É torcer para cair em blitz da polícia, para ter história para contar. É colecionar carimbos no passaporte, é curtir a liberdade e sonhar. É como viver em um mundo sem fronteiras.

Aventurar-se é entrar em uma estrada sem limites de velocidade. É dirigir a duzentos quilômetros por hora. É atravessar os Alpes atrás do caminhão que tira a neve da estrada. É tirar a neve do carro, de manhã. É aprender a gostar do inglês e ficar com saudades de falar francês. É perder o medo do diferente, do estranho. É acreditar que uma viagem energiza a alma, amplia a visão de mundo, consolida os valores e faz acreditar que o mundo pode ser melhor.

Ter espírito de aventura é curtir o dourado do outono europeu, a neve do inverno alpino, o calor do verão na praia do nordeste brasileiro, o aconchego da lareira nos dias frios de Igne, o vento das dunas de areia da praia da Joaquina, o colorido da primavera da Toscana. É curtir Veneza em qualquer estação do ano.

As viagens de férias são quase sempre aventuras por locais estranhos e por situações diferentes, com acontecimentos imprevisíveis. Viajar em companhia de alguém é sempre melhor. O amor é a maior de todas as aventuras, feitas a dois. As aventuras amorosas normalmente tem o sabor do vinho local e, às vezes, do champagne.

Viajar é criar memórias para contar. Viajar em grupo ou em família é aventura que pode ser vivida e partilhada. É criar elos e laços que nem o tempo nem ninguém consegue desatar.

As pessoas adiam seus sonhos de viagens por falta de dinheiro, pelo preço do dólar, pela possibilidade de frio, ou pela dificuldade de comunicação. Isso não é necessário. Não se pode adiar os sonhos ou congelar o tempo.

O tempo passa. Pouco se sabe sobre o tempo. Não existe botão de play ou retorno. Não se pode pausar o tempo. Ele prende as pessoas aos dias, às estações e à natureza. Devagar, lenta e cruelmente segue sem parar. Ele arrasta friamente os travados. Com ele se vai calma, serenamente, na frente. Ou desesperadamente contrariados correndo atrás. Na infância ele entedia, prende ao presente, impede de viver na frente. Quando adultos ele atropela, surpreende e repreende. Na velhice ele afaga e amadurece. Ele tudo cura, tudo cicatriza, tudo passa.

Caro leitor, viaje com nossos aventureiros, na nave espacial e temporal de sua imaginação. Ative o seu espírito de aventura. Pegue uma carona, nas viagens de férias de Rita e Pietro e aventure-se com eles. Tenha em mãos um celular com um tradutor de línguas, você vai precisar. Tenha também o aplicativo de mapas maps.google.com.br. E principalmente, tenha o aplicativo google.earth. Simule as suas próprias viagens. Planeje durante seis meses e depois compartilhe outros seis. Veja as imagens, assim você já vai treinando para a sua própria viagem.

Rita e Pietro descobriram que uma viagem de férias não precisa ser cara. Eles podem ser bem aproveitados. Eles desenvolveram expertise em viagens de carro. Com algumas dicas uma viagem que antes parecia impossível, poderá se tornar real.

Durante todo o desenvolvimento deste trabalho você encontrará ferramentas úteis e necessárias para uma viagem interessante, com baixos custos. Rita e Pietro viajam todo ano porque não gastam muito dinheiro nas viagens. As passagens, que representam o maior custo, ficam mais baratas, quando compradas com as milhas dos cartões de crédito. Eles pagam, normalmente, trinta ou quarenta por cento do valor real das passagens. Os programas de milhagem aceitam o pagamento em milhas e dinheiro, com pagamento parcelado no cartão de crédito. São passagens sem flexibilidade, sem direito a remarcação ou cancelamento.

Os cartões de crédito oferecem também proteção total para o carro alugado no exterior, salas vips em aeroportos, proteção contra furto ou roubo de suas compras.

As aventuras narradas aqui aconteceram em férias reais, em locais reais e com personagens reais. Os nomes deles foram alterados. Rita e Pietro foram os únicos personagens da ida e volta da Paris a Roma em 2010. Na viagem para o Chile e pela Cordilheira dos Andes o casal também estava sozinho em 2014. Nos Estados Unidos estavam, em alguns momentos com a filha deles, Aline, em 2015.

No Nordeste em 2016, nos Sete Países da Europa em 2017, na Itália em 2018, na Serra Gaúcha em 2020 e nas Férias Para Sempre em 2022, o casal sempre esteve sozinho. No capítulo da Cidadania Italiana em 2019 a personagem é a filha Aline. Na Pandemia em 2020 a personagem é Rita.

Nos Alpes Italianos em 2019, Rita e Pietro viajaram com a tia de Pietro, Salette e uma amiga chamada Rosana. Na viagem pela Península Ibérica em 2013 estavam com eles Francisco e Cássia. Com suas filhas Marina e Aline eles viajaram pela Costa do Descobrimento em 2009, Argentina e Uruguai em 2012, Inverno da Europa em 2013.

Nas viagens quando Pietro não estava presencialmente, estava virtualmente, participando em conversas e diálogos. Isso aconteceu em Cidadania Italiana 2020 e Pandemia 2020.

Os capítulos sobre férias na Itália, Alpes Italianos, Cidadania Italiana, Pandemia e Férias Para Sempre constam no livro #FamiliasImportam – O Resgate dos Valores e da História de Nossas Famílias. Aquele, foi um trabalho destinado ao resgate da árvore genealógica, da história e dos valores dos antepassados. A residência e a cidadania italiana foram as grandes conquistas de Rita e Pietro. Foram anos de dedicação àquele causa.

As aventuras abrangem as descobertas de receitas e de sabores, de culturas e de valores, das florestas e das savanas, das praias e das cidades. Viver é uma aventura ousada. A ousadia necessária para ser chamado de louco. Uma loucura necessária para não deixar que a chama da vida apague, ao contrário, que a revigore. Porque louco é aquele que vive sem aventura e sem emoção.

Nesses doze anos muita coisa aconteceu. Nas primeiras viagens narradas neste livro, quando para fora do Brasil, os aventureiros sentiam orgulho de dizer que eram brasileiros. E pessoas os procuravam para dizer que o Brasil era um país legal. Com o passar do tempo, a vergonha e a indiferença eram os sentimentos mais evidentes.

A vergonha de dizer que eram brasileiros e tendo que explicar como um idiota tinha sido eleito presidente. A indiferença dos estrangeiros em não falar com brasileiros. O Brasil agora é tratado com desprezo pelo mundo inteiro.

Para Rita e Pietro foram estes os anos que decidiram suas vidas. No começo, pensava-se em viver sobre quatro rodas, no Brasil, em um motor home. Depois se pensava em viver seis meses no nordeste e seis meses no sul. Mais tarde a ideia era viver em Curitiba e ter uma casa em alguma chácara para curtir a vida no campo.

Todos esses projetos se tornaram inviáveis. Quase sempre os motivos eram a insegurança de viver no Brasil. As férias na Europa despertaram neles um sonho possível. A possibilidade de terem a cidadania italiana e poder viver na Europa estava distante.

Foi com garra e perseverança que eles conseguiram. Hoje a vida lá trouxe tudo o que eles estavam procurando. O tempo, que, cruelmente nunca para, seguiu em frente. Chegou à aposentadoria e a cidadania. E com elas, as férias, as férias para sempre.

O objetivo deste trabalho não é somente oferecer material para uma viagem através da leitura. É também ativar o espírito de luta pela busca de melhor qualidade de vida. Acordar para sonhar com um mundo sem as fronteiras do atraso, da ignorância e mentira. Sonhar com um mundo da verdade, da justiça e da igualdade.

As férias de Rita e Pietro, a partir de 2018 foram todas em função do objetivo maior, a maior aventura da vida deles. Eles procuravam uma maneira de viver depois da aposentadoria. No inicio, pensaram em viver na estrada em um motor home, comprar uma casa na praia, viver no nordeste.

Se eles eram mais felizes nas férias, por que não transformar a vida em férias para sempre? Por que não tentar fazer o ano inteiro o que fazem em um mês? Afinal, quem não gostaria de viver em férias, para sempre?

Viver no Brasil estava ficando cada vez mais difícil. Houve um tempo em que eles acreditavam em um futuro melhor para o Brasil. Houve o tempo das lutas, houve o tempo das vitórias e houve o tempo das derrotas. E houve o tempo de lutar por algo maior. Por que lutar por um país que insiste em se destruir?

Por que tentar sobreviver à insegurança? Por que não se arriscar por algo melhor? Porque há momentos na vida que precisamos correr riscos. Viver é poder fazer escolhas. Viver é poder decidir, se arriscar e se aventurar.

Valdecir Bortolossi
Enviado por Valdecir Bortolossi em 03/01/2022
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