Não era domingo o dia, não me recordo exatamente. Tomei meu café e fui ver Geralda, num dia de sol quente.
- Benção! - eu pedia - Deus lhe abençoe! - ela respondia. E antes que eu me sentasse confortável, ela já reclamou-me do inchaço que tinha as pernas, que de longe era notável, apesar de pequenas.
- É problema do rim - dizia Geralda - urina escura e essas pernas inchadas.
Então dei logo a solução - vamos à Maria resolver o problema, que lá tem o pé, catamos as folhas e fazemos o chá de algodão, que sara com fé.
Chegando lá, Geralda eufórica foi logo procurando um lugar pra se sentar. Sentou-se no pilão, a pensar, que em outros tempos socava amendoim, socava arroz, este pra canjicão o outro pra descascar.
- Dona Geralda, que surpresa inesperada! - dizia Maria. - Vim à procura do algodão, que é pra tratar da perna inchada.
Papo vai, papo vem. Maria agachou-se atrás do pilão, à procura de algo, Geralda viu-lhes as penas, meteu-lhe a mão, num tapa bem dado. - Cê tá com as pernas inchadas também?
E riram-se Maria, Fabiana e eu, a vergonha foi tamanha, mas na hora a graça foi tanta. Eu, como neto de Geralda, não sabia se corria ou se ficava.
- Não dona, minhas pernas são mesmo assim, sou gordinha. - Hãm! - exclamou Geralda. E eu, que nem sangue nessa hora tinha.