SOU UM E.T.

Estava hoje na fila caixa no Carrefour quando a mulher à minha frente comentou abalada com a moça do caixa após ver algo no celular: "Você não vai acreditar, a Marília Mendonça morreu hoje num acidente de avião..."

A moça do caixa, mais ou menos da minha idade, ficou pasma.

Disse não acreditar que fosse possível, a Marilia Mendonça? Não pode ter acontecido...

Será que não é fake news?...

A tal que deu a notícia foi enfática: é verdade, acabei de ver no Face. Morreu mesmo, o avião dela caiu..."

Parece que "deu no Face" tem o crédito de uma palavra proferida por Deus.

Pasmo fiquei eu.

Não a conhecia, talvez já tenha ouvido o nome dela em algum lugar, mas nem tinha reparado, ou dado alguma importância.

E não sabia nenhum dos seus retumbantes sucessos.

Voltando pra casa, liguei a TV e só se falava dela.

De ser a rainha da sofrência, uma das mais famosas cantoras do Brasil, quiçá do mundo, dos seus 36 milhões de seguidores em redes sociais e por aí vai.

Reconheci que sou um E.T. neste mundo globalizado, do alto dos meus quase 64 anos (a serem completados no outro sábado).

Vira e mexe isto acontece, morre alguém a quem todo o universo chora e reverencia e este infeliz aqui não dá a menor bola.

Acredito que não sou o único extraterrestre por estas bandas: meu filho de 25 anos nunca ouviu falar de Agnaldo Timóteo ou Ângela Maria...

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 05/11/2021
Reeditado em 06/11/2021
Código do texto: T7379385
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