CHUVA NO SERTÃO

Folhas de mato tricotadas pelas formigonas

Sol na maior parte do ano (...) Calor de derreter a fronte de quem se aventura pela caatinga surrada. O céu, limpo, desfaz algumas poucas nuvens 'correndo paradas' na brancura do firmamento. Plantações inteiras parecem estar à espera da gota d' água que possa livrá-las da seca. Esta sim, chega sem dia e hora para acabar. Fita-nos, agora, o sertão que conhecemos, sempre com receio da miséria absoluta. Por raras vezes, avistá-lo-ei exibindo verde em abundância - antes da chuvarada, por menor que seja. Tudo se acha triste, entregue ao vasto desolamento, não mais novidade, para aqueles que sentem ou sentiram na pele ‘a desgraça de perto'. Gosto amargo do fel.

O sertão e sua paisagem árida guarda poesia, tida e vista no sonho dos camponeses, pois na alma inquieta de cada um deles, existe esperança. Esperança de uma terra melhor para todos. O solo produz, mas leva um tempo, tempo por nós contestado. Recebe, em risos, irrigação temporária. Regar aonde pisamos para fazer surgir o fruto-prodígio do trabalho. Homem do campo, lutador. Traz no semblante marcas do esforço em busca de novo amanhã. Mesmo calejado pelas perdas continua perseverante no trato com a lavoura. Acredita na força do trabalho (agrário). Põe toda a sua fé na semente que um dia irá florescer: prêmio por sadio merecimento♡. Quem planta, colhe. É lei da vida. Palavras essas, motivadoras. Devemos levar em mira o resultado daquilo que queremos para si/outros.

Enquanto isso, andorinhas cantam jubilosas pelo horizonte vazio a sumir de vista no prado sem flores. Desejam, a toda sorte, cumprirem a sua sina ou missão por entre as dádivas da natureza. Um belo motivo para ganharem as páginas do Cordel. A literatura sertaneja, na sua prosa, reúne punhado de coisas dignas de leitura. Cultura popular. Espelho da realidade contada de forma leve, amena e educativa. Enche-nos de graça e ternura quando exalta nosso grande sertão. Mesmo seco, não declina sua beleza. Vamos esperar a chuva!

O espinho daqui, é um tantinho mais afiado que o espinho de lá.

Thi Braga
Enviado por Thi Braga em 29/09/2021
Reeditado em 29/09/2021
Código do texto: T7352859
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