RECÔNDITO DOS NEFANDOS
Assistir um filme uma vez pela televisão preto e branco nos anos 70, mesmo não tendo a maturidade para entender a película, mas muito me impressionou. Infelizmente não me recordo o título do filme. Acho que foi feito nos anos cinquenta.
Por que fiquei deveras aturdido O protagonista do nada é pego de surpresa, ele é preso sem nenhum tipo de acusação. Ele fica atordoado procurando saber o porque de tamanha malevolência. Confesso que não me lembro de mais nada do filme. Porém, essa cena ficou marcada na minha mente.
Fiquei por muito tempo, e hoje mais ainda me perguntando,como é que uma pessoa é tirada da sua liberdade, da sua família, dos amigos, de sua vida de uma hora para outra e sua existência se torna um inferno. Como determina pessoa, pessoas se dão o direito de fazer a vida do outro o que quiser.
Talvez o filme tivesse abordando o problema da guerra fria em que EUA e a União Soviética disputavam a hegemonia do mundo, e que qualquer um era considerado suspeito de espionagem seja para um lado, seja para o outro.
Mas tanto tempo se passou e o que percebo é que não precisamos estar em estado de guerra para que esse tipo de situação ocorra. Se não vejamos. Assisto nos noticiários de televisão e outros meios da mídia, familiares chorando a perda de um ente querido que foi levado á força e em seguida executado. Não são casos esporádicos, eles têm se repetido continuamente. E nos depoimentos das famílias,amigos testemunham que a pessoa era um ser pacato, sem passagem na polícia, sem envolvimento com drogas ou qualquer coisa de ordem ilegal. Ai de novo vem a pergunta,que direito tem essa gente de findar a existência de uma pessoa assim como ceifa uma barata qualquer
Viver sempre foi perigoso e em determinado contexto social e histórico o perigo se acentua assustadoramente.E sem sombra de dúvidas o atual momento que ora estamos está sobre-horrendo.
Simbolicamente associo a imagem de formigas andando de lá pra cá, todas trabalhando, cumprindo suas missões, seus papeis que lhes cabe em suas
sociedades. Ai vem um ser endemoniado e acha engraçado meter o dedo em uma delas, pronto, aquela formiga não existe mais. Enquanto as outras continuam seus serviços cotidianos.
Também podemos exemplificar não com uma só pessoa, mas com dezenas, centenas e até com milhares, vem um "louco" ,outros "loucos" executam ou mandam matar.
Por isso que essa questão de empatia que foi muito bem explicado pelo psicanalista Flávio Gikovate não é uma forma de lidar com outro como se os meus valores fossem os mesmos do outro. Cada um é o que é,com sua natureza, seu jeito de ser.
Voltando ao inicio da reflexão, de repente somos vítimas de inimigos que nem sonhamos que existem e que muitas vezes está bem próximo de nós ou mesmo aquela pessoa que nos observa de longe que por motivos recônditos mandam ceifar aquela pessoa que em sua mente doentia que estava lhe incomodando seja de que forma for.