O Problema

O problema é que todos querem, como primeira e, para muitos, única aspiração, a qualquer preço, ser feliz.

A busca em si, busca desenfreada e sem planejamento, nem sempre leva ao objetivo, que na maioria das vezes é imaginário.

A felicidade para aqueles que andavam a cavalo, antes da invenção do automóvel, caso houvesse uma pesquisa na época, seria, provavelmente, cavalos com asas.

Não somos capazes, pelo fato de insistirmos em enxergar pequeno, a curto prazo e, na maioria das vezes, num raio que beira nosso umbigo, de entender o que é a felicidade no verdadeiro sentido desta palavra. E como já disse Sêneca, para quem não sabe aonde quer chegar, nenhum vento é favorável.

E, por essa razão, é forçoso repetir: o problema é que todo mundo quer, numa busca desenfreada, sem planejamento, sem olhar para aqueles que o rodeiam, ser feliz.

E quem quer ser feliz está dizendo, inconscientemente, que é infeliz. Pior, está a exteriorizar o estado da sua alma.

Agora algumas análises simples, sendo a primeira com a ajuda da matemática. Quanto é que dá um infeliz mais um infeliz? Pensa se um relacionamento de quem busca ser feliz pode dar coisa boa?

Outra reflexão pertinente ao tema é sobre o fato de quem quer ser feliz pouca sensibilidade tem para observar o que pode contribuir para a felicidade do companheiro, daquele que fez a importante escolha de caminhar ao seu lado.

Quem tem este perfil jamais saberá abrir mão de pequenas coisas, mas que seria importante, pela atitude em si, por aquele que diz amar. Quem tem esse perfil faz escolhas, desde o restaurante ao estilo de casamento, pensando no que é mais confortável para si.

Enfim, diz a sabedoria popular que cada um dá o que tem. Cada um oferece ao outro, seja numa relação afetiva, seja na rotina do dia a dia, no trabalho ou numa conversa com o vizinho, da nobreza que alcançou e que é um tesouro que o tempo não pode corroer, ou da pequenez com que mede o mundo e as relações, por ser sua alma ainda apenas recém saída do estágio animal.

É, em última análise, o que o egoísmo representa, o que o querer ser feliz representa, são sinônimos, estágio do semi bruto, que se preocupa apenas com a própria manutenção, sugando toda beleza por onde passa. Como uma gafanhoto que devora uma lavoura e parte para outra sem olhar para trás. Como um bicho sempre acuado, querendo defender seu espaço, que julga, por todos, ameaçado.

O problema que nos impede de crescer espiritualmente, como seres divinos que somos, e portanto, transcendentais, é que queremos ser felizes, sem cogitar buscar fazer ao menos alguém feliz. Ou pelo menos contribuir para isso, pois a felicidade precisa também ser convidada e aceita para adentrar nosso ser.