Plástico
Se houvesse possibilidade de escolher ser algo além do que somos, daquilo que nos compõe, eu quereria ser plástico; não, não de plasticidade, mas de material mesmo, matéria plástica, indestrutível plástico!
Embalar, fragmentar, estourar, voar - ser o que nunca se sabe, não saber o que nunca se quer; resvalar no que nunca se vê. Entocado nas dunas, nas furnas, no mar – asfixiar os bichos tolos que confundem dirão uns e eu o que direi – a eles sobreviveria e só isso importa, não sentir nada, nem dor, nem lodo, nem culpa nem nada!
“Plasticar” por aí como num sonho torpe daqueles que o acordar faz renascer pra nos atordoar de novo como se a vida fosse só isso – sofrer em vão em vão sofrer até que o alivio final advenha e, Já que morrer é inadiável certeza que um dia vem, só tenho um conselho a dar: viva enquanto espera porque depois não haverá mais nada.