CASTIGOS

Vendo e ouvindo o que minha netinha falou para a mãe dela me fez voltar no tempo.

Tenho um casal de netos irmãos, ela com nove anos e ele com oito. Brincam muito juntos, são espertos demais e brigam muito também. Deixam a mãe quase maluca às vezes. Minha neta falou para minha filha: mamãe eu prefiro que você me bata em vez de me por de castigo, pode me bater, mas me deixa ver os desenhos e jogos no computador. Os castigos são sempre a restrição de horários para essas diversões. Pura esperteza dela, pois sabe que se minha filha fosse bater, seria mais cócegas que outra coisa.

Lembrei-me de um castigo que cumpri quando tinha uns seis anos mais ou menos. Na verdade, foi um trabalho que tive que fazer que me pareceu tortura. Naquele tempo não tinha esse negócio de castigo, o que tinha eram chineladas, varadas e beliscões da minha mãe e cintadas e chicotadas do meu pai, para dizer bem pouquinho.

Meu pai fez uma colheita de amendoim e estendeu no terreiro para a secagem, ele ia para roça trabalhar e eu tinha que ficar espantando as galinhas, que eram muitas e viviam soltas, para não comerem os amendoins.

Não me recordo quantos dias foram mas sei que me marcou, foi muito maçante passar o dia quase inteiro ali naquele lugar sem poder sair.