ONDE NASCEM PESSOAS OCAS
Esses dias, certo alguém postou foto em uma determinada rede social. Não poderia ter evitado a oportunidade de compartilhar o registro fotográfico. O motivo: supostamente incentivar seus seguidores sobre a importância de imunizar-se contra determinado vírus, e com isso, a imagem do cartão de vacina. Porém, algo a mais chamou a atenção na foto, muito além do que o principal objetivo. E de repente, o detalhe: A camisa levantada pra mostrar o abdômen. Tive uma crise de riso quando notei toda aquela situação, e, logo em seguida, fui tomado por certa quantidade de pena, de certa forma, eu diria. Não conseguia compreender a infame controvérsia. "É só isso que ele conseguiria mostrar?", refleti. Precisaria de um motivo pra mostrar o corpo? Aparentemente não.
Logo depois veio-me certa constatação. Acredito que o maior problema das redes sociais de fotos e de vídeos foi dar as pessoas uma falsa autonomia, falso entendimento de que elas são insubstituíveis. O processo de auto aceitação encontra-se intenso, sem conteúdos plausíveis que demandem compreensão interior.
Quando a vida os mostra que ninguém é insubstituível nessa realidade líquida de relações frágeis, já estarão imersos afogados no próprio ego ao ponto de não se conectarem consigo mesmos. Adiciono a esse pequeno relato o pedaço de quem sou, pois, estaremos amarrados levados pelas correntezas de águas rasas, porém, águas que afogam.
Sabes quando você vê corpos mas não sente almas? Não há algo excepcional que desmanche essa impressão. Cheguemos logo a seguir para ver cada suprassumo dos narcisismos peculiares. Impressionantes demonstrações de opacos objetos feitos de carne. Tão peculiares a guardarem pequeninas estruturas que logo desabam quando o mundo se mostra vasto e não gira em torno de si.