A CASA DA VOVÓ
Adorava ficar sentada pela manhã, na varanda de casa, era seu canto preferido. O sol ia pouco a pouco, iluminando e esquentando seu corpo.
As recordações de seus filhos e netos, correndo por toda a casa, brincando entre eles, com o Jimmy e o Snoop, faziam-na sorrir. Cada um tinha um lugar de que mais gostava, dentro de casa e no quintal.
Colocou nomes em todas as plantas, cuidava de cada uma, como cuidava dos filhos. Era um prazer conversar com elas, estar no meio delas.
Colocava comida para as diversas aves, que visitavam o jardim. Algumas faziam ninhos, colocavam ovos e criavam seus filhotes. Sempre gostou de passáros, mas nunca de vê-los em gaiolas.
Limpar e cuidar da casa, era como fosse um lazer, um passatempo. Gostava de deixar sempre limpa, de abrir as janelas, ver o sol arejando e esquentando seu lar, o lar de sua família.
Como era feliz, era seu ambiente. Sabia onde estavam cada objeto, quando tinham sido comprados ou ganhados. Recordava das louças, das panelas, dos talheres, cada coisa em seu lugar. Quando foram trocados os armários, o piso, as cores de cada parede, os quadros.
Mesmo à noite, sem luz, andava pela casa sem tropeçar.
Ali, sozinha, sentada junto á janela do quarto, no asilo onde vivia, sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
ivan de souza Ngmachado