Mas não foi a minha intenção!
"Parô tu-do"!!! Leiam o título desta crônica de novo e tente se lembrar de uma situação em que usaram essa frase como justificativa para algo que fizeram à você. Certo...imagino que tenha surtido o seguinte efeito: "Ah, tudo bem então...a gente se vê". Errei, né? Geralmente quando alguém se justifica desse jeito, ela está errada e ela sabe que está errada. O famoso "eu sabia que você não ia gostar" verbalizado, mas o "fiz mesmo assim" interno. Agora, quando essa situação se aplica a atitudes racistas, homofóbicas, machistas, misóginas e, etc...por que usar dessas ferramentas é válido? Eu tenho a completa noção de que uma briga de casal e um episódio criminoso tem uma diferença enorme, mas o exemplo serve para reforçar que as já citadas (racismo, homofobia, machismos, misoginia, transfobia e assim por diante), não são formadas por intenção e sim pelas atitudes.
Você e seu amigo gay, não tem problema nenhum de chamar um ao outro de "viado". Portanto nesta tua cabecinha de vento, isso serve para o restante do mundo. "Ah, mas qual o problema? Meus amigos nunca falaram nada, o mundo tá chato". Para mim é muito claro que pessoas que usam dessas frases, se escondem atrás de algo que elas querem continuar praticando (racismo, homofobia, machismos, misoginia, transfobia e por aí vai).
Como cheguei a esta conclusão? Existe alguém em sã consciência que gosta de ser associado a algo ruim? Até onde eu sei, não. Já entendemos que toda forma de preconceito é ruim e ter seu nome vinculado a esse tipo de pré-julgamento não é motivo de orgulho. Então, como continuar sendo preconceituoso sem ser associado a algo ruim ou até mesmo criminoso? Muito simples: assuma o que fez, mas sem a intenção de fazer. Coloque a culpa na sua religião ou na bíblia ou nos dois. Diga que é porque você foi criado dessa maneira. Mas nunca, jamais, nunca, nunca mesmo, peça desculpas e diga que vai refletir sobre, pois apesar de não ter tido a intenção, reconhece que foi um completo idiota.
A definição de empatia foi para as cucúias faz tempo, meus amigos. Quando alguém se queixa de algo que sofreu, logo aparece alguém para chama-lo de "vitimista". Perdemos o direito de sofrer. Perdemos o direito de reclamar quando dói. Perdemos o direito de ter gatilhos. O nosso papel é ser forte o tempo todo, levando tudo na esportiva, fingindo que não existe maldade no mundo e que palavras não possuem efeito nas pessoas.
Mas quando é ao contrário...ah, quando é ao contrário! Já diria Charlie Brown: "que puxa", que eu sempre entendi que era usado para que ele não soltasse um palavrão no meio do desenho do Snoopy. Ouço de tudo: heterofobia, cristofobia, intolerância religiosa, ideologia de gênero, racismo inverso...e ladeira abaixo.
Vai você responder que não foi a sua intenção. Só piora. Que empatia é essa? Oh empatia seletiva nossa, de cada dia. Vai para o inferno. Se o respeito só serve para você, isso não é respeito. Se você precisa de religião para ser uma pessoa boa, você não é uma pessoa boa. Ser bom e respeitoso é algo comparado a virtudes que todos deveriam ter independente das suas crenças e valores.
E se eu te ofendi em algum momento da leitura deste texto, que fique claro que não foi a minha intenção.