PISANDO EM GALHOS PODRES

 

Por natureza, o gato é um animal muito precavido e deveras astuto. À primeira vista, quando se observa o seu caminhar, a impressão que se tem é que ele anda pisando em ovos. Ele não pisa muito firme nem de forma descuidada no espaço por onde caminha. Tem a preocupação de testar, diuturnamente, sua segurança e se em algum momento ele se colocar em situação de perigo, sempre buscará uma saída “honrosa” para se safar ileso daquela dificuldade que surgir à sua frente.
No tocante ao dia a dia do ser humano, ainda é possível encontrar alguns exemplares com características similares à desse animal doméstico. É evidente que o humano não é tão precavido quanto o felino que, dificilmente, se predispõe a caminhar ou a se apoiar em um galho podre. Geralmente, os humanos são mais desprevenidos e procuram fazer valer o seu instinto racional que tende os posicionar como um ser mais inteligente que os demais animais existentes no nosso universo.
Como se tudo isso não bastasse, quase todo ser humano tende a se prevalecer do seu livre arbítrio que, filosoficamente falando, é aquela possibilidade de decidir, de escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante, mas há alguns seres humanos que ainda confundem livre arbítrio com liberdade plena.
Em sendo o livre arbítrio o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações e/ou de determinar que caminho quer seguir, a  liberdade representa a faculdade de cada um se decidir ou agir conforme a própria determinação, ou seja, de acordo com a própria vontade, contanto que suas ações não venham prejudicar outra pessoa; em suma: é aquela sensação de estar livre, de forma responsável, e sem depender de mais ninguém.
Voltando à análise do modo astuto e extremamente seguro do gato, espécime de felídeo aqui referido, percebe-se que apesar de ele não ter essa necessidade de agir como procedem os humanos, por ser um irracional, ele também tem sua liberdade de agir, consoante o seu instinto animalesco, e com a vantagem de não ter de cumprir os ditames legais e/ou consuetudinários para uma convivência mútua, da forma que é imposta pelos próprios humanos.
É público e notório que pela sua própria natureza, uma boa parcela dos humanos tende a ser imprudente, imprevidente, prefere transgredir a agir dentro dos preceitos legais, quer levar vantagem em tudo e, de preferência, permanecer impune por certo tempo ou por toda a vida, mesmo tendo aquela certeza de que desde o início de seu caminhar estivesse a pisar em galhos podres...

Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 15/05/2021
Reeditado em 01/11/2021
Código do texto: T7256407
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