TÉDIO POÉTICO
Tardes tediosas e eu me ponho a escrever. Como um andarilho passeio pelas nuances representativas de meu inconsciente poético. A dor em doses diminutas abraça as noites mal dormidas. Serei meu reflexo no papel manchado pela tinta da caneta deixada de lado ao meu rosto após cair num sono profundo. Conheço pouco de mim para escrever detalhes simples de compreender. Eis a angústia existencial.
Enquanto estou cansado, compreendo bem os motivos da inércia passageira. Sei também da rápida construção de minhas palavras até chegar ao alvo. Em memória do arquétipo do arqueiro centauro do signo que me rege, volto ao ápice de ideias inacabadas. Retomo e novamente escrevo sobre quem sou, de onde nascem fantasmas peculiares e quais demônios desejo exorcizar.
São os fragmentos sucessivos juntos ao tempo inenarrável. De nós perdemos nossa parte quando escrevemos algo feito peso nas costas, e depois, voltar ao tédio, só que esse sem o mínimo de grau poético. A poesia renasce quando entendemos a necessidade de jogarmos fora os laços que nos emporcalha. O final do dia é o remédio.