DEUS DE FORA

Não sei se eu gostaria de ter um “Deus de fora”.

O Deus de fora é aquele que fica tomando conta da sua vida o tempo todo; doidinho pra te pegar em um “pecadinho” qualquer e te mandar “arder no mármore do inferno por toda a eternidade”. “Você não conhece a ira divina”, dizem.

Por outro lado, se você for bonzinho, Ele também estará de prontidão pra te salvar de perigos, te dar uma smart TV de LED de 60 polegadas, uma geladeira duplex frost-free, uma camionete cabine dupla zerinho, fazer seu time ganhar o campeonato brasileiro e até uns milagrezinhos mais light. Afinal, Deus pode tudo, basta ter fé.

Como ele é muito ocupado, às vezes o Deus de fora fica meio distraído e aí vem o capeta, toma lugar dele e você desanda a fazer besteira.

Pra se redimir você é obrigado a rezar, jejuar, pagar penitências, fazer sacrifícios e o pior, sem nunca ter certeza de que foi o suficiente.

O Deus de fora habita no reino dos céus, mas tem várias moradas nas catedrais, igrejas, templos budistas, mesquitas, gongás. Dizem que ele é um só, mas em cada uma dessas moradas terrenas ele inventa uma regra diferente. Uns não podem comer carne de porco, outros de vaca, outros não podem beber álcool, fazer transfusão de sangue e algumas mulheres não podem mostrar e nem cortar o cabelo. Tem um Deus que te obriga até a extirpar aquela pele do... do... do... vocês sabem, a chamada circuncisão. E por aí vai..., Mas repare... Deus é um só.

Será que ele é muito confuso, ardiloso ou só distraído? Qualquer dessas alternativas é melhor que considerá-lo mau-caráter.

Eu também tenho meu “PERSONAL GOD” que mora junto com meu “PERSONAL DEVIL” ambos “INSIDE MYSELF” ...Pois é... meu Deus fala inglês,

Por isso mesmo, meu Deus é bem moderno; um “deusmocrata-liberal” e “se” terceirizou todo pra mim mesmo. Isso quer dizer que em termos espirituais não estou submetido a nenhuma governança externa. Assim, não preciso seguir regras, leis e dogmas de igrejas e nem pagar dízimos.

Mas isso não é muito fácil como pode parecer. Sempre tenho que submeter meus pensamentos e atitudes à minha consciência e tentar sozinho corrigir meus erros; perco horas de sono conversando com meu santo favorito, o “saint pillow” (viram como sou metido)

Vocês não imaginam como isso dá trabalho.

Por isso recomendo a todos que fiquem com seu “Deus de fora”.

Wilson Pereira
Enviado por Wilson Pereira em 05/05/2021
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