AOS ANÔNIMOS LEITORES DOS MEUS TEXTOS
Os textos que escrevo levam preciosas partes de mim.
Algumas ásperas, esquisitas, bizarras.
Outras repletas de suaves pinceladas do meu melhor, daquilo que a vida cravou em mim, por bem, ou por mal.
Quando os coloco pro mundo, estou desnudando minha alma, inclusive tecos que desconheço, que desprezo, que chuto longe.
Por vezes me pergunto quem são essas criaturas que os colocam goela abaixo.
Quem se dá ao trabalho de perder minutos só tentando traduzir suas nuances, buscando entrar no meu compasso, nas minhas ladainhas, no meu trotar.
Com quem será que divido esse raro pão, esse raro suor na forma de amontoado de palavras. Quem será?...
Essas questões vêm à tona quando pincelo o ponto final e vou reler o que fiz para tentar achar algum gosto adverso, algum descompasso, algum destempero, algum brilho fora do tom.
Então concluo que ficarei pra sempre bem distante dessa resposta, já que os leitores são sombras sem rosto, sem sangue, sem dono.
São seres voláteis que vêm e vão na garupa do vento, sumindo sem deixar eco, ou legado.
E é justamente essa inconstância que os fazem eternos, absolutamente gigantes, divinamente meus.