ANDANÇAS
Gosto de dar caminhadas. Andando, vê-se detalhes que passam desapercebidos quando se está de carro.
Gosto de andar pelas ruas do meu bairro. Também fazer caminhadas por onde nunca andei.
Em viagem, melhor ainda. Já percorri grandes avenidas, belas alamedas, becos suspeitos...
Fiz muitas caminhadas nos Parques Barigui e Tingui, aqui em Curitiba e tive muitas andanças por Roma, Florença, Nápoles e Verona. Em Barcelona fui até o Montjuic de teleférico e desci a pé, com minha mulher. Foi uma caminhada longa e prazerosa.
A melhor maneira de conhecer um lugar é percorrê-lo a pé. Em Marrakesh nos perdemos dentro da Medina. Aquilo é um verdadeiro labirinto. Alguém nos contou que é assim propositalmente. Em caso de invasão o inimigo teria grande dificuldade para encontrar a saída.
Agora que estou velho tenho a preocupação de manter a forma para poder continuar minhas andanças em próximas viagens.
Sempre existe um pouco de perigo. Em Roma fui assaltado por três ciganas perto da Estação Términi. Levaram 90 euros do meu bolso. Mas isto acontece em qualquer lugar. Já fui assaltado em São Paulo e aqui em Curitiba, graças a Deus, sempre sem violência.
Cada caminhada é uma aventura. Dia destes, aqui em Curitiba, estava eu tentando atravessar a Rua Carlos de Carvalho, defronte à Biblioteca quando percebo uma bonita mulher a olhar-me com certa insistência. Fiquei feliz, claro. Já fazia certo tempo que mulher alguma me olhava com interesse. Para surpresa minha ela veio se aproximando com aquele lindo sorriso e perguntou como eu estava indo. Pronto, pensei. Ela arrumou uma maneira de puxar conversa. E não é que ela passou o seu braço no meu, decidida.
Atravessamos a rua de braços dados. Eu com um sorriso na face, feliz como há muito tempo não me sentia. Orgulhoso, cheguei ao outro lado da rua. Ela deu um passo para trás, abriu mais um sorriso lindo e exclamou: - Tenha um bom dia, velhinho simpático. Virou-se e foi embora caminhando a passos largos.
Que sacanagem.