DONA WANDA

03:00 horas da madrugada.

Palmas no portão. Alguém grita, aflito: - Dona Wanda! Dona Wanda!.

- Já vai, responde alguém. Todos acordamos.

Eram comuns esses chamados durante o dia, à noite ou na madrugada.

Abrindo a porta, terminando de se arrumar, pergunta: - Chegou a hora?

Sim comadre, chegou! Alguém responde.

Então, vamos lá! Diz saindo

Parteira, médium espírita Kardecista “inconsciente,”acreditava ser sua missão socorrer quem dela necessitasse, a qualquer hora, sem reclamar, sem nada . Fossem parentes, amigos ou desconhecidos amparava a todos.

Um dia, voltando para casa, eu e meu irmão andando na frente, passamos por uma mulher sentada na calçada, com duas crianças, chorando muito.

- Quer apostar que ela vai voltar? Falou meu irmão.

Não deu outra.

Ajoelhou junto a mulher. Ouvimos ela contar que o marido chegara bêbado, como de costume, batera nela e nas crianças e os colocou para fora de casa. Abraçada à mulher, fez uma prece, que todos repetimos. Pegou a criança menor no colo e fomos para casa.

Moraram conosco por anos. Comeraram o que comiámos, vestiram nossas roupas e calçados. Só foram embora quando tiveram um teto e como sobreviver.

Lógico que meu irmão e eu detestávamos. Nunca tivemos mamãe só para nós, nem quando faleceu.

ivan souza Ngmachado

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 15/04/2021
Reeditado em 11/11/2022
Código do texto: T7232815
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