DONA WANDA
03:00 horas da madrugada.
Palmas no portão. Alguém grita, aflito: - Dona Wanda! Dona Wanda!.
- Já vai, responde alguém. Todos acordamos.
Eram comuns esses chamados durante o dia, à noite ou na madrugada.
Abrindo a porta, terminando de se arrumar, pergunta: - Chegou a hora?
Sim comadre, chegou! Alguém responde.
Então, vamos lá! Diz saindo
Parteira, médium espírita Kardecista “inconsciente,”acreditava ser sua missão socorrer quem dela necessitasse, a qualquer hora, sem reclamar, sem nada . Fossem parentes, amigos ou desconhecidos amparava a todos.
Um dia, voltando para casa, eu e meu irmão andando na frente, passamos por uma mulher sentada na calçada, com duas crianças, chorando muito.
- Quer apostar que ela vai voltar? Falou meu irmão.
Não deu outra.
Ajoelhou junto a mulher. Ouvimos ela contar que o marido chegara bêbado, como de costume, batera nela e nas crianças e os colocou para fora de casa. Abraçada à mulher, fez uma prece, que todos repetimos. Pegou a criança menor no colo e fomos para casa.
Moraram conosco por anos. Comeraram o que comiámos, vestiram nossas roupas e calçados. Só foram embora quando tiveram um teto e como sobreviver.
Lógico que meu irmão e eu detestávamos. Nunca tivemos mamãe só para nós, nem quando faleceu.
ivan souza Ngmachado