GOSTOS PERDIDOS

Tanta gente deixou de sentir o gosto da manga, do feijão, da voz.

Deixou de sentir o gosto da batata, do almeirão, da saudade.

Deixou de sentir o gosto do algodão-doce, do mel, do medo.

Deixou de sentir o gosto da couve, do café, da solidão.

Deixou de sentir o gosto da pinga, do morango, da fé.

Deixou de sentir o gosto do pastel, da mandioca, do talvez.

Deixou de sentir o gosto da azeitona, do gelo, da insensatez.

Deixou de sentir o gosto do frio, do peixe, da ousadia.

Deixou de sentir o gosto do pinhão, da cenoura, do voar.

Deixou de sentir o gosto da pele, da chuva, da teimosia.

Deixou de sentir o gosto do arroz, da banana, da paixão.

Deixou de sentir o gosto do coco, da uva, do sonho.

Deixou de sentir o gosto da couve-flor, da noz, do vento.

Deixou de sentir o gosto da ostra, do sorvete, da alegria.

Deixou de sentir o gosto do tomate, da abobrinha, do pecado.

Deixou de sentir o gosto do vinho, da garapa, da derrota.

Deixou de sentir o gosto do pão, da salada, do perdão.

Deixou de sentir o gosto do croquete, da cenoura, do suor.

Deixou de sentir o gosto da água, da ameixa, da vida.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/04/2021
Reeditado em 14/04/2021
Código do texto: T7231524
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