Caladas asas... (BVIW)

Imagino, que desde a madrugada ela manteve o desejo de viver, de lutar por sua vida... E a cada movimento mais contida ficava; presa e sem chances de se desvencilhar da quase, transparente e mortal armadilha...

Aos poucos, suas asinhas imóveis ficaram e mesmo que eu a libertasse da teia que agora cintila com o sol outonal, ela não teria sobrevivido, e enfim, cansada e sem mover mais suas asas e voar a abelha morreu...

Quanto à teia permanece no jardim observá-la fez-me pensar nas metafóricas espirais – situações “teias” que muitas vezes nos envolvem; pandêmicas muralhas, labirintos nos quais as ‘asas’ estão emaranhadas em circulares dores e decepções, deixando-se abater e o olhar e alma ficam opacos sem desejos de viver.

Enquanto, pauso minhas mãos, antes de terminar esta crônica emociono - me com essa sensação da vida ser breve e frágil/ forte e apaixonante, lembro-me de Baudelaire e seu poema “As janelas”: “Olhando de fora, através de uma janela aberta, nunca se vê tantas coisas como quando se olha por uma janela fechada...”