PORTA-RETRATO
Cheirosa a Atlântico. Atalaia sob o céu azul, linda praia de Aracaju. Primeira sessão do Cine Palace. Missa na Catedral. Procissão de Senhor dos Passos. Carrossel de Seu Tobias. Colina de Sto. Antônio e Igreja do Espírito Santo descendo as águas bentas para o Centro. Carnaval de João Arthur e suas cabrochas. São João de Costa Pinto. Banda do Atheneu pisando firme neste chão que é meu, que é seu. Banda de música da Escola Normal. Rosália, Maria das Graças, Judite, Benedito. Ponte Velha da Atalaia, adeus Mário Jorge... Lindalva, hora de rezar a Ave-Maria. Saias rodadas, anáguas engomadas, biquínis quadrados, Bar da Ostra, Adeus... Wilson do Gavetão, adeus... Seu João do Cachorro Quente, Furna da Onça, Cascatinha, Cacique Chá. Carnavais iatianos, atleticanos, cotinguibenses, vascaínos, fugase. Fantasias de felicidade. Silva Lima, informamos: à vida falta Cinzano. Santos Mendonça, se o calendário voltasse... Feira das Oficinas. Olhe o trem! Thales Ferraz. Olhe o peixe fresco! Crianças livres subindo e descendo ruas, saltando da Ponte do Imperador. João Guiomar, Evaristo Ceguinho, Olívia, Said – toquem, cantem, assoviem – por favor. Núbia... um só de seus poemas. Tantos quadros na memória! Indeléveis, magistrais como os de Inácio e os peixinhos nos aquários da Galeria Álvaro Santos.
Mirando as ondas do mar e o céu azul de Atalaia, de Aracaju. E o povo no Pré-Caju. Calçadão e orla de todas as horas, de todas as festas. Águas bentas de novas chuvas. Terminais de integração. Arte e povo. Povo e arte no DIA. Um quadro novo de Inácio e Félix na festa de São João da rua Siriri. Meninos cheirando cola. Transexuais assumidos, produzidos, alternativos. Cajus de cimento dos cimentos dos cajus. Docemente Aracaju. Aracaju via Jardins. Aracaju moderninha, ensaiando-se rainha. Rainha de todos nós. Rainha de todos vós, dos hidroviários, dos rodoviários, dos universitários, dos pobres e dos milionários. Aracaju renovada, repaginada, revistada, revisitada, .com.br. Seu cheiro, seu ar de mar, sua brisamar. Aracaju amor, amar.
Publicado na Revista de Aracaju (FUNCAJU), 2002
Crônica colocada entre as 10 melhores, em concurso da FUNCAJU.