BENDITA PANDEMIA
A pandemia está obrigando a ver nossa finitude como algo tangível e o quanto somos frágeis e suscetíveis ao ataque de inimigos que se escondem dos nossos olhos.
Está nos fazendo conviver fisicamente nessas quatro paredes chamadas de lar, tendo que aceitar caras feias e dissabores numa profusão nunca antes experimentada.
Mas também está permitindo degustar sabores e cheiros maravilhosos provenientes dessa estadia compulsória.
Está nos empurrando para encontrarmos novos horizontes para o ganha-pão, caso contrário vamos passar fome.
Está nos mostrando que dependemos uns dos outros, pra viver ou morrer.
E, sobretudo, está escancarando que não somos donos de nada, especialmente do nosso destino, pois a qualquer momento poderemos receber, goela abaixo, um tubo ligado à uma máquina, sem os quais não seremos capazes nem de dar um fugaz respirar.