Família normal sim, não é?

Vou contar então, pra você, ou vocês, pra todos que querem ver, quer dizer ler, analisar, criticar, mas espere aí, pega leve, apenas uma lampadinha se não considerar nós sermos normais.

É que minha família, (não vou mostrar pra nenhum deles ainda não) pensa bem 16 irmãos, incluindo eu, estou enquadrado no meio, 4 dos irmãos faleceram na plena infância, 3 faleceram adultos, dessa maneira ficou 7 ainda vivinhos da silva. Dos adultos falecidos dois deles minha falecida mãe ainda viu quando eles faleceram.

Vou começar pelo meu irmão Afonso, Nossa! Foi meu amigão, minha mãe contava que o Afonso tinha mais ou menos 4 ou 5 anos, pegava no fogão à lenha um tição em brasa e ficava embaixo da mesa e queimava a perna de meu bisavô, que apenas visitava nossa casa de vez em quando, o velhinho talvez com quase 100 anos de idade, saía fulo da vida jurando não voltar mais. Minha mãe dizia:

--- calma, vô, ele ainda é criança, mas vou castiga-lo sim.

O outro meu irmão Francisco, também eu o admirava muito pela sua grande inteligência, genialidade em muitas coisas, ele foi o que mais apanhou, difícil dizer quantas vezes minha mãe lhe batia com vara. Não adiantava até seus 16 anos, saía de casa e só bem tarde voltava. Naquela época em que os professores tinha o direito de castigar os alunos, havia uma professora que quebrou muitas réguas na cabeça dele de tanto que ele aprontava. Teria de fazer uma lista de suas artes, não caberia nesta crônica...

O outro irmão, Everildo, também gostava muito dele, sua sabedoria era imensa, me ajudou bastante, umas de suas travessuras marcante foi quando ele ainda estava na escola, um dia ele perguntou para a Diretora se ela já tinha visto uma onça de perto, ela responde que não, ele estava com um pequeno espelho e mostra para ela dizendo: olha ela aí!... o pior que minha mãe era amiga da Diretora e ainda trabalhava de servente na mesma escola. Depois de adulto ainda continuava a aprontar, quando ia nos funerais, vivia pelos cantos contando piadas com o intuito de alegrar o ambiente, até os donos dos defuntos não resistiam suas palhaçadas, depois do choro, riam pra valer. Ele sabia que era carismático, porque sempre me dizia:

--- Lourenço, você devia escrever um livro sobre mim, mas não vai esperar eu morrer, porque quero ler o que você vai escrever.

Ah! Você está perguntando se eu aprontava também?

--- algumas eu aprontava sim, por gostar muito do jogo de sinuca, muitas vezes amanhecia jogando, e pra valer, mas vamos parar por aqui e eu era o mais santo lá de casa e além do mais eu estou relatando os feitos apenas dos meus irmãos que já faleceram, nem pensar falar dos que ainda estão vivos, vou esperar eles um dia irem, isto é se eu não for primeiro. Nós devemos ter um consolo, porque São Francisco, foi santo sim, mas só na idade adulta que ele atingiu a santidade.