Ainda e antes de tudo um forte

Hoje, o sertanejo já não foge da “Grande Seca” como ocorreu por volta de 1880, migração que foi descrita pelo jornalista e escritor Euclides da Cunha, retratada no romance reportagem: “Os Sertões”, publicado em 1902, onde descrevia a seca e suas consequências para o povo nordestino. Sendo dele a frase: “O sertanejo é antes de tudo um forte”.

Anos mais tarde, em 1944, o artista plástico, Candido Portinari apresenta a obra: “Os Retirantes”. Pintura que ressalta o sofrimento e a falta de esperança desse povo lutador.

Nestes dias, os “novos retirantes” fogem para escapar da miséria. Atrás de sonhos, buscam oportunidades nas grandes cidades, abandonando sua terra, suas raízes, suas crenças.

Apegados às suas devoções, postam-se aos pés de Padre Cícero ou como é, carinhosamente, chamado “Padim Ciço”, um sacerdote católico brasileiro, com grande prestígio e influência em todo o Nordeste. Suas orações evocam os lamentos presentes ao longo das suas jornadas.

Pelo caminho, exprimidos, oprimidos em decrépitos e irregulares “ônibus piratas”, o “pau de arara” desses dias, vão sofrendo as agruras da ingrata jornada.

Vivendo sua via-crúcis, choram a saudade das famílias que ficaram no pobre sertão e se apegam à ilusão de oportunidades que gerem condições mínimas de vida, que os reúnam em futuro distante.

Helio Valim
Enviado por Helio Valim em 27/02/2021
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