“Tocando em frente”
A caminho do matadouro, levando o gado para se encontrar com a morte, o capitão diz: é "o destino de cada um, o que eu poso fazer?”.
Mas, por que abreviar essas mortes? Abreviar!... como assim? Já estamos mais que acostumados. Convivermos diariamente com tragédias mortais: são enchentes, deslizamentos e assassinatos. A covid é só mais uma... é melhor seguirmos em frente. O matadouro é logo ali.
Além disso, “a vida não pode parar”, “todos morreremos um dia”, “e daí?”, “temos de enfrentar o vírus como homens, não moleques”, “o povo tem de deixar de ser maricas”, e por último, mas não menos importante: “há o tratamento precoce, aí, que salva vidas, talquei?”.
E vamos lá, sem muita enrolação, afinal as máscaras são “o último tabu a cair”, “uma babaquice”. Ficar em casa, isso é “coisa de comunista”, a higienização das mãos uma tolice. E a vacina? A vacina, cuidado, faz “virar” jacaré ou chipanzé.
E vamos caminhando, já estamos quase lá... Um pouco mais de 250 mil já se foram, entregaram a alma a Deus. Mas, ainda há um tempinho para mais um recadinho, mais uma parada para se ouvir em alto e bom tom: “daqui para a frente, governador que fechar estado deve bancar auxílio emergencial” já falei: “sou eu quem manda aqui”.
Na visão bem tosca e pra lá de simplista, além de egoísta e irresponsável dessa gente perversa, se há outras “causa mortis” dentre tantas, a covid é só mais uma afinal.
“Vai um leite condensado aí”?